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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Comunhão dos santos


TODOS OS SANTOS E FINADOS: UM POUCO DA HISTÓRIA E DO SENTIDO

José Aristides da Silva Gamito*

O mês de novembro começa com duas celebrações muito características: Dia de Todos os Santos e Dia de Finados. Na verdade, a Igreja relembra em duas datas a memória de todos os fiéis falecidos. Apenas destaca no dia 1º de novembro todos aqueles fiéis falecidos conhecidos ou não que foram exemplos de fé e de santidade. Para o Dia de Finados a menção é feita a todos os falecidos independentemente de seu grau de santidade. Essas tradições litúrgicas remetem os fiéis à fé na comunhão entre vivos e falecidos. Este é um princípio de fé cristã.
A Festa de Todos os Santos tem origem em 610 sob o papado de Bonfácio IV. Primeiramente, foi comemorada a 13 de maio. Já o Dia de Finados foi fixado pelos monges de Cluny, na França, no século XI. Se junta às tradições das festas dedicadas aos mortos a festa pagã de Halloween, um ritual celta. Porém, dentro do cristianismo desde o século II já havia esse cultivo da memória dos mártires, pois os fiéis acreditavam que eles estavam no céu e poderiam interceder pelos vivos. Surge neste contexto, a confiança na comunhão dos santos professada depois no Símbolo Apostólico como artigo de fé.
O cultivo da memória daqueles que já partiram sempre esteve presente em muitas culturas. E no senso comum, não há aquele que não concorde que a saudade nos leva a esse vínculo afetivo com os falecidos. As festas dedicadas aos falecidos nos passam duas importantes lições. Uma primeira delas é que somos mortais e transitórios. A segunda é que nos ligar aos que nos precederam é enriquecedor. Sem o exemplo, sem a herança cultural e moral dos antepassados não teríamos tantos avanços hoje.
Por fim, esses dois dias servem de momento de reflexão para todas as pessoas fiéis e não fiéis. Quando recordamos os que morreram, nós nos tornamos mais humildes e assumimos a nossa transitoriedade e passamos a pensar na herança que deixaremos: O bom exemplo, as atitudes a serem seguidas. Assim dizia Cícero, escritor romano, “vita mortuorum in memória est pósita vivorum” (A vida dos mortos está guardada na memória dos vivos).

*Administrador do Blog “Forania de Ipanema On line”

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Corpus Christi:

O MISTÉRIO DA EUCARISTIA E A SOLENIDADE
DE CORPUS CHRISTI


            A festa conhecida como Corpus Christi é nomeada liturgicamente como Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Neste ano, ocorre, hoje, no dia 23 de junho. A ocasião é celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade. A liturgia enfatiza neste dia o mistério da Eucaristia. Jesus fez de seu corpo e de seu sangue verdadeiramente comida e bebida para todos os homens e todas as mulheres.
            Já ocorre na quinta-feira da Semana Santa uma exaltação da Eucaristia. Porém, mais tarde a tradição litúrgica incorporou uma festa específica para tornar pública a confissão de fé no mistério da Eucaristia. A procissão tem o sentido de uma manifestação dessa fé perante toda a comunidade.
            No século XIII, a catequese sobre a Eucaristia andava um pouco a desejar. Os fiéis foram criando muito misticismo em torno do rito da Missa. Aos poucos a Igreja foi introduzindo meios para tornar as partículas eucarísticas mais visíveis e próximas dos fiéis. A festa de Corpus Christi foi celebrada pela primeira vez em 1246 na diocese de Liège, na Bélgica. Em 1264, o papa Urbano IV estendeu a festa a toda a Igreja. Mas será o Concílio de Trento (1545-1563) que enfatizará e tornará obrigatória a exposição pública das partículas eucarísticas assim como a procissão que as exalta.
            Com o passar do tempo, foi introduzido o costume, presente em vários lugares, de enfeitar as ruas para a passagem do Santíssimo Sacramento. Além de expressão de fé, é uma demonstração da dimensão artística do povo.
            Porém, ao analisar a evolução da compreensão do sentido da Eucaristia é preciso entender que a festa de Corpus Christi só terá sentido pleno se cada fiel estiver voltado para o sentido da Eucaristia como comunhão, partilha. Não é recomendável que se estacione somente na demonstração pública de que a Eucaristia, enquanto sacramento, é a marca diferencial do catolicismo. A ênfase na transubstanciação pode levar ao esquecimento de muitos aspectos fundamentais da Eucaristia. A devoção deve abarcar toda a amplitude do mistério eucarístico.
            No terreno da ética, a celebração de Corpus Christi nos remete à redescoberta do corpo humano, já que vivemos em uma época da banalização do corpo através do prazer excessivo e da dor excessiva. Precisamos dar ênfase à sacralidade do corpo, templo e espaço de santidade e de construção de relações solidárias. A violência e a vivência desregrada da sexualidade agridem a sacralidade desse corpo, identidade e concretude do ser humano.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Leitura Recomendada


O MÉTODO DO MOBON É TEMA DE DISCUSSÃO ACADÊMICA

Doutorando analisa a práxis comunicativa do movimento em artigo

O método de evangelização do Mobon influenciou o jeito de ser Igreja de gerações de uma imensa porção do Estado de Minas, chegando até mesmo a exercer influência em outras regiões do país. O doutorando Fabrício Roberto Costa Oliveira analisa este fato em artigo intitulado “O Concílio Vaticano II, o Mobon e as comunidades rurais: Um estudo sobre a práxis comunicativa entre missionários e grupos católicos leigos”, publicando no periódico “Religião e Sociedade”, Rio de Janeiro, 30(2): páginas 38-58, de 2010. Veja resumo do artigo:

“O Mobon é um movimento católico, formado sob a influência do Concílio Vaticano II (1962-1965), que teve atuação destacada em comunidades rurais da Zona da Zona da Mata Mineira. O ideal de maior corresponsabilidade entre o clero e os leigos ocupou lugar de relevo no movimento, que promoveu cursos para a organização de comunidades e lideranças leigas, com o objetivo de que essas se tornassem menos dependentes da atuação dos párocos locais. Nos cursos eram utilizadas metáforas e representações simbólicas do mundo rural com propósitos de promover uma maior compreensão, visando a maior participação leiga. O texto tem como propósito apresentar uma análise desse processo de atuação comunitária da Igreja Católica e do papel relevante adquirido pela práxis comunicativa no processo relacional entre missionários e grupos católicos leigos.”

 Saiba também de outras referências bibliográficas sobre o assunto utilizadas pelo autor:

ARAÚJO, Ricardo Torri. (1996), O Movimento da Boa Nova. Belo Horizonte: O Lutador.
BOTELHO, Demerval Alves. (1996), História dos Missionários Sacramentinos (1945-1994). Belo Horizonte: O Lutador.
REZENDE, João. (1997), “A linguagem de uma formação popular”. In: D. Ângelo (org.). Caderno de formação política. Belo Horizonte: O Lutador.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fórmulas Litúrgicas:

SÊDER DE PÊSSACH PARA CRISTÃOS
Celebração da Páscoa Judaica com Crianças e Jovens Cristãos

1. ABERTURA DO SÊDER

NARRADOR: Sejam bem-vindos à Ceia Pascal. Esta é a festa celebrada pelos judeus para relembrar a libertação dos seus antepassados do Egito. Todos os anos em todo o mundo os judeus celebram este fato histórico. Assim, também os cristãos têm a Páscoa como o evento mais importante de sua fé. E acrescentam ao significado da Páscoa original a lembrança da ressurreição de Jesus. Esta celebração é bastante educativa para nossas crianças e nossos jovens. Pois, a missa teve sua origem nesta Ceia. Portanto, os primeiros celebravam a “missa” como um grande jantar de Ação de Graças. É uma festa de alegria. Por isso, iniciemos cantando.

2. ACENDER DAS VELAS
NARRADOR: Nos lares israelitas, era tarefa da mãe acender as luzes dos candeeiros, dando vida e alegria ao ambiente da Festa. (Acendem-se as velas. Canta-se “Oh, luz do Senhor”).
MÃE: Bendito sejas Tu, Senhor nosso Deus, Soberano do Universo, que nos santificaste com teus mandamentos e nos mandaste acender as luzes desta festa da Páscoa. Para que a luminosidade destas velas possa nos inspirar e trazer-nos esperança de uma vida melhor para todos. Amém.

3. OS SÍMBOLOS DO SÊDER
NARRADOR: Hoje celebramos a Páscoa, a festa da liberdade e da redenção. Todos os símbolos deste ritual representam acontecimentos da vida do Povo de Israel. Lemos a Hagadá que é a história da libertação dos israelitas da escravidão no Egito e comemos a Ceia comemorativa. Para nós cristãos, acrescentamos a narrativa da Ressurreição de Jesus.
PARTICIPANTE: Qual é o significado do osso da perna do carneiro?
NARRADOR: O osso da perna do carneiro lembra o cordeiro oferecido na Páscoa no Templo de Jerusalém há dois mil anos. Lembra também que Deus passou por cima das casas do povo judeu no Egito.
PARTICIPANTE: Qual é o significado do ovo?
NARRADOR: Ele lembra o ovo assado oferecido no Templo de Jerusalém na festa da Páscoa.
PARTICIPANTE: Qual é o significado das ervas amargas?
NARRADOR: Lembram-nos a amargura e a opressão da escravidão.
PARTICIPANTE: Que significa esta mistura de maçã ralada?
NARRADOR: Lembra a argamassa usada pelos trabalhadores judeus escravos no Egito.
PARTICIPANTE: Qual o significado do pedaço de salsa?
NARRADOR: É símbolo de gratidão para com Deus pela boa qualidade da terra, por nosso pão e alimento.
PARTICIPANTE: Qual o significado da água salgada?
NARRADOR: É o símbolo da amargura que Israel suportou em sua experiência de cativeiro. Será usada para mergulharmos a salsa.
PARTICIPANTE: Qual o significado dos três pães sem fermento?
NARRADOR: Representa os três patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó.
PARTICIPANTE: Quantas taças de suco de uva nós deveremos partilhar nesta festa?
NARRADOR: Elas são quatro e representam as quatro fases da libertação de Israel da escravidão. A cor do suco representa cor do sangue que os judeus pincelaram o batente de suas casas para os primogênitos pudessem sobreviver.
PARTICIPANTE: Qual é o significado daquela taça especial no meio da mesa?
NARRADOR: Ela lembra a vinda do Messias para a libertação final.

A NARRATIVA DA PÁSCOA JUDAICA

PRIMEIRA TAÇA
(Enche-se a primeira taça, e levanta-se a taça; após é recitada a bênção).
NARRADOR: Bendito és tu, Senhor nosso Deus, soberano do universo, criador do fruto da vida.
PARTICIPANTES: Adorado sejas, Senhor, pelo dom da vida que está em nossas mãos para ser compartilhado entre nossos irmãos.
LOÇÃO DAS MÃOS
(Uma jarra de água, uma bacia e uma toalha são trazidas para o dirigente do Sêder lavar as mãos).

PERGUNTAS
PARTICIPANTE: Por que este dia é diferente de todos os outros?
NARRADOR: Porque recordamos a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.
PARTICIPANTE Então, o senhor pode nos contar como tudo aconteceu
NARRADOR: Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e nossos pais na fé nos têm contado a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade. Os egípcios os maltrataram e os afligiram, e sobre eles impuseram uma dura escravidão. Mas tu os salvaste dos seus inimigos, e confundiste os que os odiavam. Em tudo, Senhor, engrandeceste o teu povo: tu o honraste e não o desprezaste, assistindo-o em todo tempo e lugar! Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores.


SEGUNDA TAÇA
(Enche-se a segunda taça, e levanta-se a taça; após é recitada a bênção).
NARRADOR: Bendito és tu, Senhor nosso Deus, soberano do universo, criador do fruto da vida.
PARTICIPANTES: Adorado sejas, Senhor, pelo dom da vida que está em nossas mãos para ser compartilhado entre nossos irmãos.
COMER UMA VERDURA
(Todos mergulham a verdura na água salgada e o dirigente diz a bênção. Depois, come-se a salsa).
PARTICIPANTES Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste com Teus mandamentos e nos ordenaste comer as ervas amargas.
NARRADOR: Vendo a situação do povo hebreu no Egito disse Deus: "De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo.” Então enviou seu servo Moisés, e Aarão, a quem tinha escolhido, por meio dos quais realizou os seus sinais miraculosos e as suas maravilhas na terra do Egito.


TERCEIRA TAÇA
(Enche-se a terceira taça, e levanta-se a taça; após é recitada a bênção).
NARRADOR: Bendito és tu, Senhor nosso Deus, soberano do universo, criador do fruto da vida.
PARTICIPANTES: Adorado sejas, Senhor, pelo dom da vida que está em nossas mãos para ser compartilhado entre nossos irmãos.
COMER DO OVO
FRAÇÃO DO PÃO
(O dirigente descobre os três e os quebra. Escondendo a metade deles. Diz-se “Este é o pão da aflição!”).
NARRADOR: Ele transformou as águas deles em sangue, causando a morte dos seus peixes. A terra deles ficou infestada de rãs, até mesmo os aposentos reais. Ele ordenou, e piolhos e enxames de moscas invadiram o território deles. Com pestilência gravíssima, todo o gado dos egípcios morreu. E feridas purulentas começaram a estourar nos homens e nos animais. Deu-lhes granizo, em vez de chuva, e raios flamejantes por toda a terra deles; arrasou as suas videiras e figueiras e destruiu as árvores do seu território. Ordenou, e vieram enxames de gafanhotos, gafanhotos inumeráveis, e devoraram toda a vegetação daquela terra, e consumiram tudo o que a lavoura produziu. Ele enviou trevas, e houve trevas, e eles não se rebelaram contra as suas palavras. E Moisés e Aarão fizeram todas estas maravilhas diante de Faraó; mas o Senhor endureceu o coração de Faraó, que não deixou ir os filhos de Israel da sua terra. E por ultimo feriu seus primogênitos.


QUARTA TAÇA
(Enche-se a quarta taça, e levanta-se a taça; após é recitada a bênção).
NARRADOR: Bendito és tu, Senhor nosso Deus, soberano do universo, criador do fruto da vida.
PARTICIPANTES: Adorado sejas, Senhor, pelo dom da vida que está em nossas mãos para ser compartilhado entre nossos irmãos.
COMER DO PAO AZIMO
(Come-se o pão ázimo.)
PARTICIPANTES: Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que fazes sair o pão da terra para saciar os teus filhoa. Amém.
NARRADOR: E falou Deus a Moisés e a Aarão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo. Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; este é o Pessach de Deus. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou Deus. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa a Deus; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. (Ex. 12, 1-14).

SANDUÍCHE
(Faz-se um sanduíche com pão, erva amarga e a pasta de maçã).

(Canta-se “Basta que me toques, Senhor”).

A NARRATIVA DA PÁSCOA CRISTÃ

NARRADOR: Jesus como um judeu devoto também celebrava a Ceia Pascal todos os anos. Durante a sua última ceia, ele recomendou que seus discípulos sempre a celebrassem em memória dele. Entre os cristãos, a ceia pascal recebeu um novo sentido. A Missa que é celebrada todos os domingos surgiu deste jantar de ação de graças que era realizado pelos judeus.
NARRADOR: Enquanto jantavam, Jesus tomou um pão, e pronunciando a bênção de ação de graças, o partiu e o deu aos seus discípulos dizendo:
PARTICIPANTES: “Tomai e comei; isto é o meu corpo”.
(Todos comem um pedaço de pão).
NARRADOR: Em seguida, tomou um cálice e, tendo agradecido a deus, o deu aos seus discípulos, dizendo:
PARTICIPANTES: “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de vós para remissão dos pecados”.
(Todos tomam um gole do suco de uva).
NARRADOR: Com esta ceia Jesus deu corpo e seu sangue como alimento aos homens e às mulheres através do pão e do vinho. Esta ceia passou a ser celebrada pelos os discípulos todos os domingos, mas tarde a ceia se desenvolveu até chegar à celebração que hoje chamamos de Missa. Esta é a ceia da nova aliança.
PARTICIPANTE: Por quer celebramos a Missa?
NARRADOR: Porque Jesus em sua última ceia disse aos seus discípulos: “Fazei isto em memória de mim”. Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice lembramos o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus.

LOUVAÇÃO (HALLEL)
(Canta-se “O Senhor fez maravilhas” ou “Obrigado Senhor”).

REFEIÇÃO DA PÁSCOA
(Serve-se a refeição a todos os participantes).
NARRADOR: Neste momento, vamos completar nossa refeição lembrando que esta é uma festa de irmãos e de compromisso com a partilha e a solidariedade. Bom apetite a todos!

BÊNÇÃO FINAL
NARRADOR: Bendito seja o Senhor, que nos deu a força e a alegria desta celebração da Ceia Fraterna. Que esta fraternidade se estenda por todos os dias deste ano. Amém.

(Canta-se o “Hevenu Shalom Aleichem” e todos se cumprimentam).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Módulo: Apologética


APOLOGÉTICA CATÓLICA
Introdução
          Apologética é a defesa bem fundamentada dos princípios da fé cristã. Desde os primeiros séculos do cristianismo, que as lideranças precisaram defender a fé e os costumes cristãos diante da sociedade do Império Romano. Hoje, devido às diferenças doutrinárias, cada Igreja tem sua apologética. Neste estudo, vamos tratar a respeito da Apologética Católica. É importante informar que a apologética não é uma defesa superficial, forçada e que deseja fazer valer uma doutrina a todo custo. A Bíblia é o fundamento principal de defesa ou refutação de qualquer doutrina cristã.

Conteúdo
            A Apologética é uma parte da teologia que cuida das doutrinas mais difíceis de compreensão e defesa. Muitas delas não estão de modo explícito na Bíblia. Elas encontram maior esclarecimento na Tradição. As principais doutrinas exclusivas da Apologética Católica são: Doutrina do purgatório, a intercessão e a veneração dos santos, o culto a Maria e os dogmas marianos, a transubstanciação e o sacrifício da Missa, a confissão auricular e as indulgências, o cânon da Bíblia, o primado romano e a infalibilidade papal, a Inquisição, celibato clerical, ecumenismo e a comunhão eclesial.  

Fontes da fé católica
As divergências de doutrina entre católicos e evangélicos são provenientes dos diferentes modelos de conceber a Igreja e a fonte da fé. A Igreja Católica tem como fontes de doutrinas: A Bíblia, a Tradição Apostólica e o Magistério. Ela aceita as Escrituras e a Tradição como regras de fé. Os evangélicos aceitam somente a Bíblia, além disso, eles seguem o cânon mais curto. Outro fato é: A interpretação bíblica na tradição protestante é individual, no catolicismo esta interpretação é feita coletivamente, pela Igreja.  É humano e natural que haja divergências. Pontos de partida diferentes vão levar a conclusões diferentes.

PARTE I – QUESTÕES FUNDAMENTAIS

1ª Questão: A intercessão e a veneração dos santos
            Nos séculos VIII e IX, houve um forte movimento na Igreja chamado Iconoclastia. No Império Bizantino, houve uma revolta contra o uso de imagens. Este movimento levou muita gente à tortura e à morte. A causa é a dúvida de se venerar imagens é idolatria ou não. Em muitas ocasiões, o zelo religioso causou muita confusão. Durante a Reforma Protestante, o problema voltou à tona.
            A veneração de imagens foi uma doutrina muito polêmica. O Concílio de Hieria (754 d. C.) a proibiu. Depois o II Concílio de Niceia a aprovou (787 d. C.).  Os costumes relacionados ao culto aos santos introduzidos na Igreja foram: A veneração de imagens e relíquias (século II), canonização, intercessão e festa dos fiéis defuntos.
Citações bíblicas: Ex 25, 18-20; Num 21, 8-9; Ex 20, 24.

2ª Questão: A doutrina do Purgatório
            A doutrina do Purgatório surgiu de uma compreensão de que ninguém poderia entrar no Céu sem estar totalmente puro de suas faltas.  O Catecismo da Igreja Católica mantém esta doutrina baseada na Tradição. Os teólogos protestantes comentam que ela não possui referência bíblica pelo fato de Macabeus não ser aceito pelo Cânon Hebraico. Existem muitas evidências de que os primeiros cristãos oravam pelos mortos. Há muitas inscrições em catacumbas. A palavra Purgatório não se encontra na Bíblia. As definições dogmáticas sobre a doutrina foram proclamadas pelos Concílio de Lião II (1274), o Concílio de Florença (1438-1445), e o Concílio de Trento (1545-63 ). Mas nem toda palavra usada pela Igreja se encontra na Bíblia, há apenas os conceitos.
Citações bíblicas: Mac 12, 42-46; Mt 12,32; Mt 5,25-26; 1Cor 3,15.

3ª Questão: O culto a Maria e os dogmas marianos
            Desde o início da Igreja, Maria foi sempre teve um lugar de destaque na memória dos cristãos.  No Concílio de Éfeso (431), houve a declaração de que Maria é a mãe de Deus. Os títulos de exaltação de Maria já aparecem nos textos bíblicos como “cheia de graça”, “bem-aventurada”, “mãe do Senhor”. Diante de Maria deve se evitar os dois desvios de doutrina: O minimalismo e o maximalismo. Não se pode elevá-la à condição divina (maximalismo) e nem desprezá-la a ponto de esquecer que ela é mãe de Jesus (minimalismo).
            Os principais dogmas marianos são: (1) Virgindade perpétua, (2) maternidade divina, (3) imaculada conceição e (4) assunção aos Céus.  A seguir, comentários sobre eles: O registro mais antigo sobre o dogma da virgindade perpétua foi defendido por Ambrósio de Milão (391), baseado em Isaías 7, 14 (1). O Concílio de Éfeso (431) declarou que Maria é mãe de Deus, se ela é verdadeiramente mãe de Jesus, que é Deus Filho, logo se pode atribuir a ela a maternidade de Deus (2).  O dogma da imaculada concepção de Maria foi oficializado em 1854 pelo papa Pio IX. O sentido desse dogma é que Maria foi concebida sem o pecado original por ser a futura mãe de Jesus (3). Desde o século IV, circulava entre os cristãos a tradição de que Maria teria sido levada ao Céu sem experimentar a morte. Seria um privilégio pelo fato de ela ser mãe do Filho de Deus. Os textos que falam sobre esses detalhes da vida de Maria são Livro do Repouso de Maria, Sobre a Morte da Santíssima Virgem e Sobre a Passagem da Virgem. Foram escritos entre os séculos V e VI. A morte de Maria é chamada na Liturgia de dormição.  O dogma foi proclamado pelo papa Pio XII em 1950 (4).
Citações bíblicas: Lc 1, 28; Lc 1, 34; Lc 1, 42-45.

4ª Questão: A transubstanciação e o sacrifício da Missa
            A Celebração Eucarística no domingo é um costume dos primórdios da Igreja (At 20,7).  O modo de celebrar a Eucaristia foi se modificando com o tempo. Inicialmente era um jantar realizado nas casas, com leituras bíblicas, ação de graças para cumprir o mandato de Jesus que dizia para realizá-lo em memória dele. Mais tarde a Missa passou a ser considerada sacrifício, a hóstia passou a ser adorada. Em cada época vai se estabelecendo uma compreensão.  Os católicos compreendem o pão e o vinho como verdadeiro corpo e sangue de Jesus, os evangélicos acreditam que eles são apenas recordação, símbolo.  E na comunhão, se recebe o pão e o vinho. Quando não se faz nas missas diárias é por razões práticas. Não existe proibição disso.
Citações bíblicas: At 20,7.

5ª Questão: A confissão auricular e as indulgências
                      A confissão e a penitência estiveram sempre presentes na vida da Igreja. A Bíblia fala a respeito da confissão dos pecados, porém foi a tradição que deu forma ao sacramento da Penitência. Os primeiros séculos na Igreja a penitência era uma prática muito presente. A confissão pública foi substituída aos poucos pela auricular. O Concílio de Latrão IV tornou obrigatória essa prática (1215). A confissão, a penitência e a absolvição têm raízes bíblicas e fizeram parte da Tradição dos Apóstolos. Porém, houve um período da História da Igreja que essas práticas passaram a ser excessivas.
                      As indulgências tiveram seu início no século III.  A indulgência é a reparação dos danos causados pelo pecado já confessado. A partir do século VI a reparação dos pecados passou a ser mais curta. O papa Bonifácio VIII (1300) decretou a primeira indulgência obtida por meio de um jubileu. A partir do século XIII, começou o abuso das indulgências vindo, posteriormente, a ser uma das causas da Reforma.
Citações bíblicas: Jo 20, 21-23; 1 Jo 1, 8-10;  Mc 2, 7.

6ª Questão: A Tradição e o cânon da Bíblia
            A formação do cânon demorou muitos anos. Alguns critérios foram observados para se considerar um livro como inspirado: a) antiguidade, b) catolicidade, c) apostolicidade e d) ortodoxia. A distinção entre as Bíblias Católica e Protestante se deve à opção por cânones diferentes. Os católicos adotaram o cânon alexandrino (mais sete livros) e os protestantes o cânon hebraico. Os protestantes aceitam a Bíblia como única regra de fé. A Igreja Católica entende que a Bíblia é a tradição escrita, canonizada, mas que muitos princípios da fé e dos costumes dependem da Tradição Apostólica. Ou seja, daquilo que os apóstolos ensinaram e a realizaram e que não foi escrito. As Igrejas evangélicas anularam a tradição da Igreja primitiva e só se ativeram à tradição bíblica. Mas na prática suas Igrejas também têm suas tradições, ou seja, práticas não registradas na Bíblia. O Decreto Gelasiano (século IV) optou pelo cânon alexandrino. O Concílio de Cartago (415) também adota a mesma lista de livros.
Citações bíblicas: Tt 1,5; I Ts 2,13; II Ts 2, 15.

7ª Questão: O primado romano e a infalibilidade papal
            A função do papa em relação à Igreja em muito polêmica. Durante muitos séculos a figura do papa foi confundida com uma autoridade política. Porém, o papa é simplesmente um bispo. Ele é chamado de “primeiro entre os iguais”. Ele apenas preside os outros bispos, é ponto de unidade. Os Evangelhos dão um destaque especial para Pedro dentro do grupo dos apóstolos, como este foi bispo de Roma, esta capital que era a cidade mais importante da época se tornou sede do bispo principal da Igreja.
Citações bíblicas: Mt 16, 18; Lc 22, 31-32; Jo 21, 15-17.

8ª Questão: Celibato clerical
            O celibato dos ministros ordenados tem sua fundamentação em algumas passagens bíblicas. Porém, na Igreja primitiva havia presbíteros casados e presbíteros solteiros. Somente mais tarde que o costume se tornou geral. A documentação oficial desse costume se deu em duas ocasiões, no Concílio de Elvira (300) e no Concílio de Latrão I (1123). Os cânones 27 e 33 de Elvira proíbem o casamento aos clérigos. O clérigo não pode ter consigo nenhuma outra mulher que não seja sua irmã ou filha. Todos os clérigos não podem casar-se e nem ter filhos. O cânon (DENZINGER[1], 304).
Citações bíblicas: Mt 19,12; 1Cor 7,7; 1Cor 7,32-34.


[1] DENZINGER é o nome pelo qual é conhecimento o manual que contém todas as decisões dos concílios, decretos, orientações dos pais da Igreja e que reúne todos os documentos de doutrinas desde o século II.