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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Módulo: Apologética


APOLOGÉTICA CATÓLICA
Introdução
          Apologética é a defesa bem fundamentada dos princípios da fé cristã. Desde os primeiros séculos do cristianismo, que as lideranças precisaram defender a fé e os costumes cristãos diante da sociedade do Império Romano. Hoje, devido às diferenças doutrinárias, cada Igreja tem sua apologética. Neste estudo, vamos tratar a respeito da Apologética Católica. É importante informar que a apologética não é uma defesa superficial, forçada e que deseja fazer valer uma doutrina a todo custo. A Bíblia é o fundamento principal de defesa ou refutação de qualquer doutrina cristã.

Conteúdo
            A Apologética é uma parte da teologia que cuida das doutrinas mais difíceis de compreensão e defesa. Muitas delas não estão de modo explícito na Bíblia. Elas encontram maior esclarecimento na Tradição. As principais doutrinas exclusivas da Apologética Católica são: Doutrina do purgatório, a intercessão e a veneração dos santos, o culto a Maria e os dogmas marianos, a transubstanciação e o sacrifício da Missa, a confissão auricular e as indulgências, o cânon da Bíblia, o primado romano e a infalibilidade papal, a Inquisição, celibato clerical, ecumenismo e a comunhão eclesial.  

Fontes da fé católica
As divergências de doutrina entre católicos e evangélicos são provenientes dos diferentes modelos de conceber a Igreja e a fonte da fé. A Igreja Católica tem como fontes de doutrinas: A Bíblia, a Tradição Apostólica e o Magistério. Ela aceita as Escrituras e a Tradição como regras de fé. Os evangélicos aceitam somente a Bíblia, além disso, eles seguem o cânon mais curto. Outro fato é: A interpretação bíblica na tradição protestante é individual, no catolicismo esta interpretação é feita coletivamente, pela Igreja.  É humano e natural que haja divergências. Pontos de partida diferentes vão levar a conclusões diferentes.

PARTE I – QUESTÕES FUNDAMENTAIS

1ª Questão: A intercessão e a veneração dos santos
            Nos séculos VIII e IX, houve um forte movimento na Igreja chamado Iconoclastia. No Império Bizantino, houve uma revolta contra o uso de imagens. Este movimento levou muita gente à tortura e à morte. A causa é a dúvida de se venerar imagens é idolatria ou não. Em muitas ocasiões, o zelo religioso causou muita confusão. Durante a Reforma Protestante, o problema voltou à tona.
            A veneração de imagens foi uma doutrina muito polêmica. O Concílio de Hieria (754 d. C.) a proibiu. Depois o II Concílio de Niceia a aprovou (787 d. C.).  Os costumes relacionados ao culto aos santos introduzidos na Igreja foram: A veneração de imagens e relíquias (século II), canonização, intercessão e festa dos fiéis defuntos.
Citações bíblicas: Ex 25, 18-20; Num 21, 8-9; Ex 20, 24.

2ª Questão: A doutrina do Purgatório
            A doutrina do Purgatório surgiu de uma compreensão de que ninguém poderia entrar no Céu sem estar totalmente puro de suas faltas.  O Catecismo da Igreja Católica mantém esta doutrina baseada na Tradição. Os teólogos protestantes comentam que ela não possui referência bíblica pelo fato de Macabeus não ser aceito pelo Cânon Hebraico. Existem muitas evidências de que os primeiros cristãos oravam pelos mortos. Há muitas inscrições em catacumbas. A palavra Purgatório não se encontra na Bíblia. As definições dogmáticas sobre a doutrina foram proclamadas pelos Concílio de Lião II (1274), o Concílio de Florença (1438-1445), e o Concílio de Trento (1545-63 ). Mas nem toda palavra usada pela Igreja se encontra na Bíblia, há apenas os conceitos.
Citações bíblicas: Mac 12, 42-46; Mt 12,32; Mt 5,25-26; 1Cor 3,15.

3ª Questão: O culto a Maria e os dogmas marianos
            Desde o início da Igreja, Maria foi sempre teve um lugar de destaque na memória dos cristãos.  No Concílio de Éfeso (431), houve a declaração de que Maria é a mãe de Deus. Os títulos de exaltação de Maria já aparecem nos textos bíblicos como “cheia de graça”, “bem-aventurada”, “mãe do Senhor”. Diante de Maria deve se evitar os dois desvios de doutrina: O minimalismo e o maximalismo. Não se pode elevá-la à condição divina (maximalismo) e nem desprezá-la a ponto de esquecer que ela é mãe de Jesus (minimalismo).
            Os principais dogmas marianos são: (1) Virgindade perpétua, (2) maternidade divina, (3) imaculada conceição e (4) assunção aos Céus.  A seguir, comentários sobre eles: O registro mais antigo sobre o dogma da virgindade perpétua foi defendido por Ambrósio de Milão (391), baseado em Isaías 7, 14 (1). O Concílio de Éfeso (431) declarou que Maria é mãe de Deus, se ela é verdadeiramente mãe de Jesus, que é Deus Filho, logo se pode atribuir a ela a maternidade de Deus (2).  O dogma da imaculada concepção de Maria foi oficializado em 1854 pelo papa Pio IX. O sentido desse dogma é que Maria foi concebida sem o pecado original por ser a futura mãe de Jesus (3). Desde o século IV, circulava entre os cristãos a tradição de que Maria teria sido levada ao Céu sem experimentar a morte. Seria um privilégio pelo fato de ela ser mãe do Filho de Deus. Os textos que falam sobre esses detalhes da vida de Maria são Livro do Repouso de Maria, Sobre a Morte da Santíssima Virgem e Sobre a Passagem da Virgem. Foram escritos entre os séculos V e VI. A morte de Maria é chamada na Liturgia de dormição.  O dogma foi proclamado pelo papa Pio XII em 1950 (4).
Citações bíblicas: Lc 1, 28; Lc 1, 34; Lc 1, 42-45.

4ª Questão: A transubstanciação e o sacrifício da Missa
            A Celebração Eucarística no domingo é um costume dos primórdios da Igreja (At 20,7).  O modo de celebrar a Eucaristia foi se modificando com o tempo. Inicialmente era um jantar realizado nas casas, com leituras bíblicas, ação de graças para cumprir o mandato de Jesus que dizia para realizá-lo em memória dele. Mais tarde a Missa passou a ser considerada sacrifício, a hóstia passou a ser adorada. Em cada época vai se estabelecendo uma compreensão.  Os católicos compreendem o pão e o vinho como verdadeiro corpo e sangue de Jesus, os evangélicos acreditam que eles são apenas recordação, símbolo.  E na comunhão, se recebe o pão e o vinho. Quando não se faz nas missas diárias é por razões práticas. Não existe proibição disso.
Citações bíblicas: At 20,7.

5ª Questão: A confissão auricular e as indulgências
                      A confissão e a penitência estiveram sempre presentes na vida da Igreja. A Bíblia fala a respeito da confissão dos pecados, porém foi a tradição que deu forma ao sacramento da Penitência. Os primeiros séculos na Igreja a penitência era uma prática muito presente. A confissão pública foi substituída aos poucos pela auricular. O Concílio de Latrão IV tornou obrigatória essa prática (1215). A confissão, a penitência e a absolvição têm raízes bíblicas e fizeram parte da Tradição dos Apóstolos. Porém, houve um período da História da Igreja que essas práticas passaram a ser excessivas.
                      As indulgências tiveram seu início no século III.  A indulgência é a reparação dos danos causados pelo pecado já confessado. A partir do século VI a reparação dos pecados passou a ser mais curta. O papa Bonifácio VIII (1300) decretou a primeira indulgência obtida por meio de um jubileu. A partir do século XIII, começou o abuso das indulgências vindo, posteriormente, a ser uma das causas da Reforma.
Citações bíblicas: Jo 20, 21-23; 1 Jo 1, 8-10;  Mc 2, 7.

6ª Questão: A Tradição e o cânon da Bíblia
            A formação do cânon demorou muitos anos. Alguns critérios foram observados para se considerar um livro como inspirado: a) antiguidade, b) catolicidade, c) apostolicidade e d) ortodoxia. A distinção entre as Bíblias Católica e Protestante se deve à opção por cânones diferentes. Os católicos adotaram o cânon alexandrino (mais sete livros) e os protestantes o cânon hebraico. Os protestantes aceitam a Bíblia como única regra de fé. A Igreja Católica entende que a Bíblia é a tradição escrita, canonizada, mas que muitos princípios da fé e dos costumes dependem da Tradição Apostólica. Ou seja, daquilo que os apóstolos ensinaram e a realizaram e que não foi escrito. As Igrejas evangélicas anularam a tradição da Igreja primitiva e só se ativeram à tradição bíblica. Mas na prática suas Igrejas também têm suas tradições, ou seja, práticas não registradas na Bíblia. O Decreto Gelasiano (século IV) optou pelo cânon alexandrino. O Concílio de Cartago (415) também adota a mesma lista de livros.
Citações bíblicas: Tt 1,5; I Ts 2,13; II Ts 2, 15.

7ª Questão: O primado romano e a infalibilidade papal
            A função do papa em relação à Igreja em muito polêmica. Durante muitos séculos a figura do papa foi confundida com uma autoridade política. Porém, o papa é simplesmente um bispo. Ele é chamado de “primeiro entre os iguais”. Ele apenas preside os outros bispos, é ponto de unidade. Os Evangelhos dão um destaque especial para Pedro dentro do grupo dos apóstolos, como este foi bispo de Roma, esta capital que era a cidade mais importante da época se tornou sede do bispo principal da Igreja.
Citações bíblicas: Mt 16, 18; Lc 22, 31-32; Jo 21, 15-17.

8ª Questão: Celibato clerical
            O celibato dos ministros ordenados tem sua fundamentação em algumas passagens bíblicas. Porém, na Igreja primitiva havia presbíteros casados e presbíteros solteiros. Somente mais tarde que o costume se tornou geral. A documentação oficial desse costume se deu em duas ocasiões, no Concílio de Elvira (300) e no Concílio de Latrão I (1123). Os cânones 27 e 33 de Elvira proíbem o casamento aos clérigos. O clérigo não pode ter consigo nenhuma outra mulher que não seja sua irmã ou filha. Todos os clérigos não podem casar-se e nem ter filhos. O cânon (DENZINGER[1], 304).
Citações bíblicas: Mt 19,12; 1Cor 7,7; 1Cor 7,32-34.


[1] DENZINGER é o nome pelo qual é conhecimento o manual que contém todas as decisões dos concílios, decretos, orientações dos pais da Igreja e que reúne todos os documentos de doutrinas desde o século II.