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domingo, 8 de setembro de 2019

3º - História Cronista


OBRA HISTÓRICA CRONISTA (OHCr)



3.1. Introdução

            A Obra Histórica Cronista apresenta outra versão do período da monarquia de Israel. É um relato de assuntos paralelos à Obra Histórica Deuteronomista (livros de Samuel e de Reis). As Crônicas relatam a história de Israel até o exílio. Esdras e Neemias continuam o relato pós-exílio. Os acontecimentos da obra do cronista se situam por volta de 400 antes de Cristo.[1]

3.2. A obra

            Os dois livros de Crônicas envolvem os acontecimentos desde Adão até o exílio babilônico. O livro conta a genealogia de Abraão até Davi, o reino de Davi, de Salomão, a construção do templo e os reis de Judá.[2] O livro está dividido em quatro partes:
1ª parte - a história de Adão a Davi, na forma de genealogias e listas (1 Cr 1-9).
2ª parte – o reinado de Davi (1 Cr 10-29).
3ª parte – o reinado de Salomão (2 Cr 1-9).
4ª parte – a história dos reis de Judá (2 Cr 10-36).
O livro de Esdras conta do edito de Ciro (538) até a construção do templo. Há a narrativa da volta dos repatriados do exílio, a nova ornamentação do templo e a celebração da primeira Páscoa. Esdras contém de 7 até 10 a história de Esdras que dá nome ao livro. Esdras chega em 458 antes de Cristo em Jerusalém como um encarregado por restaurar a Lei. Neemias contém de 1 a 7 a história de Neemias que dá nome ao outro livro. Neemias atua em 445 antes de Cristo na construção das muralhas de Jerusalém.[3]
Esdras se divide em duas partes:
1ª parte - Primeiro retorno do exílio e a construção do templo (1-6): o decreto de Ciro (1, 1-4), restabelecimento do culto no templo (3), o começo da reconstrução do templo (3, 7-13), o templo é construído (4, 24-6, 22) e conclusão do templo (6, 13-15).
2ª parte – A volta de Esdras e sua reforma: Esdras volta para Jerusalém (7,8), Artaxerxes autoriza o retorno de quem quisesse (7, 11), a viagem e a chegada a Jerusalém (8, 31-36).
Neemias divide em três partes:
1ª parte –A construção do muro (1-7).
2ª parte – A renovação da aliança (8-10).
3ª parte – A liderança de Neemias (11-13).



[1] SCHMIT, Werner. Introdução ao Antigo Testamento. 4ª edição. Tradução de AnnemarieHöln. São Paulo, São Leopoldo: Sinodal, 2009, p. 156-157.
[2]SCHMIT, 2009, p. 157.
[3]SCHMIT, 2009, p. 158-162.

2º História Deuteronomista


OBRA HISTÓRICA DEUTERONOMISTA (OHDt)

2.1. Introdução



A hipótese da história deuteronomista considera que os livros de Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis continuam a motivação do Deuteronômio.
A História Deuteronomista narra os acontecimentos desde a conquista da terra até o exílio. Os livros que compõem esta literatura são um gênero de história teológica, ou seja, ela narra os acontecimentos de modo interpretativo.[1]A HDt mostra que havia vários lugares de culto a Yahweh, mas a partir da decisão de construção do templo, Jerusalém torna-se o centro da prática. A separação entre os reinos do norte e do sul muda esta situação. Jeroboão retoma os cultos de Dã e de Betel. Mas são condenados. Ezequias e Josias tiveram o mérito de centralizar o culto em Jerusalém. Portanto, essas narrativas têm como sustento a conquista da terra por Josué. Este feito ocorre por causa da fidelidade do povo.[2]Seguimos com uma breve apresentação deles:

A.   A conquista de Canaã e o período dos juízes

2.2. Josué

 Ao se aproximar da Terra Prometida, Moisés morre e Josué torna-se seu sucessor na condução do povo. O livro se ocupa das batalhas de conquista da Terra Prometida e da distribuição de terras com as 12 tribos.
A estrutura de Josué contém um prólogo, a descrição da ocupação da terra prometida e uma renovação da aliança.
1ª parte – A conquista de Canaã (1-12).Os preparativos para a conquista da terra (1.1–5.12), a espionagem de Jericó, a passagem pelo Jordão e a celebração da Páscoa (5. 13-15).
 2ª parte - Partilha entre as doze tribos (13-22).A distribuição da terra (13–21), são distribuídas as terras da margem oriental do rio Jordão e daquela da parte ocidental do rio. Estabelecem-se as cidades de refúgio eas cidades dos levitas (20.1-9; 21.1-45). Em seguida, acontecem o cerco e a destruição de Jericó, a renovação da aliança e a conquista no centro, sudoeste e noroeste de Canaã (12.1-24).
3ª parte - Assembleia em Siquém (23-24).Josué as duas tribos e meia de volta à sua herança no lado oriental do rio Jordão. Acontece o discurso de despedida de Josué. A narrativa da assembléia de Siquém e a morte de Josué(22–24).[3]
São textos fundamentais para entender todo o percurso do livro: Passagem do Jordão (Js3, 1-5, 1); circuncisão e Páscoa (Js5, 13-6, 27); queda de Jericó (5, 13-6, 27); batalha de Gabaão e milagre do sol (Js 10, 1-3) e aliança de Siquém (Js 24).

2.3. Juízes

Depois da morte de Josué, o povo de Israel fica sem um líder. Yahweh suscita os juízes para liderar o povo. Os israelitas tinham um grande inimigo na costa, eram os filisteus. O livro contém uma introdução com uma interpretação teológica do tempo dos juízes. E introduz a sequência da condição de Israel com pecado, castigo, arrependimento e libertação: “Então os israelitas fizeram o que era mau aos olhos de Iahweh” (Jz 2, 11) e “Então a ira de Iahweh se acendeu contra Israel” (Jz 2, 14).
     1ª parte – Instalação em Canaã (Jz 1-3,6).Judá substitui Josué no combate os cananeus (Jz1). Depois da morte de Josué, a nova geração dos israelitas se entregou à adoração dos deuses Baal e Astartes (Jz2).Yahweh se irritou com a quebra da aliança.
     2ª parte – História dos juízes (Jz3, 7-16). Yahweh suscitou juízes para liderar o povo: Otoniel, Aod, Samgar, Débora, Gedeão. Sempre que os israelitas pecavam, caíam nas mãos dos inimigos e Yahweh suscitava-lhes um salvador (3-8). Foram juízes Tola, Jair, Jefté, Abesã, Elon, Abdon e Sansão (Jz 13-16).
     3ª parte – Santuário de Micas e de Dã (Jz 17-).  A guerra conta Benjamim.
Os textos fundamentais são: Jz 2,10-19: drama no tempo dos juízes; Jz 4-5: Batalha contra Sísara e canto de Débora; Jz 10,17; 12,25: Jefté; Jz 13-16: Sansão.

B.   A época da monarquia

A história de Israel em Canaã muda seu sistema de governo da confederação tribal para a monarquia. Foi um processo lento e os seguintes livros narram estes períodos: 1º e 2º Samuel, 1º e 2º Reis e 1º e 2º Crônicas. As traduções que seguem a Vulgata unem os livros de Samuel e de Reis formando os quatro livros de Reis.

2.4. 1º Samuel

O profeta Samuel foi o último juiz de Israel.Ele unificou as tribos para enfrentar os filisteus. A fim de fortalecer o povo de Deus, ele unge o primeiro rei de Israel: Saul. Os dois volumes de Samuel abrangem o período de 1010 a 970 antes de Cristo.[5]

1ª parte - O ministério de Samuel até a unção de Saul(1 - 9).
2ª parte - O reinado de Saul até sua rejeição (10—15).
3ª parte - A vida de Davi até a morte de Saul (16—30)
4ª parte - A morte de Saul (31)

2.5. 2º Samuel

 A segunda parte do livro conta como foi o reinado de Davi, sucessor de Saul.

1ª parte - A ascensão de Davi ao poder (1—10).
2ª parte - A queda de Davi (11—12).
3ª parte - Os problemas de Davi (13—20).
4ª parte -Anexo (21—24).

2.6. 1º Reis

 Envolve a história desde a morte de Davi até a destruição de Jerusalém e a deportação do povo por Nabucodonosor.

1ª parte - Os últimos dias de Davi (1, 1—2, 11)
2ª parte - O reino áureo de Salomão (2, 12—11, 43)
3ª parte - O reino dividido (12—22)

2.7. 2º Reis

Continua narrando a história, mostrando os feitos dos reis que sucederam Salomão. E termina com a tomada de Judá pelo Império Babilônico.

1ª parte - O reino dividido (continuação de 1 Reis;1—17).
2ª parte - O reino de Judá até o cativeiro (18—25).

Referências

MATEUCCI, Roberto. Introduzioneall’Antico Testamento. Prato, 2011.

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso.  Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos,2006.



[1] MERRILL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Shedd, 2009, p. 449.
[2] SILVA, 2012, p. 37-49.
[3] LOPES, Augustus Nicodemus.Lendo Josué como Escritura Sagrada: mensagem e lugar do livro na história bíblica.Fides Reformata, v. 4, n. 2, 1999, p.1-18.
[4] PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos,
2006, p. 221.
[5]MATEUCCI, Roberto. Introduzioneall’Antico Testamento. Prato, 2011, p. 19.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Introdução ao Antigo Testamento



INTRODUÇÃO À LITERATURA DO ANTIGO TESTAMENTO

Nesta seção, iremos estudar a literatura do Antigo Testamento seguindo esta organização: 1. Pentateuco (Obras javista, eloísta, deuteronomista e sacerdotal), 2. Obra histórica deuteronomista, 3. Obra histórica cronista, 4. Obra histórica macabaica, 5. Romances Hebraicos, 6. Poesia hebraica, 7. Literatura profética, 8. Literatura sapiencial e 9. Literatura apocalíptica.


                       INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA ENTENDER O AT (Ilustrações)


Números de livros (cânone católico, ortodoxo e anglicano).




1º - O Pentateuco


LITERATURA DO ANTIGO TESTAMENTO

Nesta seção, iremos estudar a literatura do Antigo Testamento seguindo esta organização: 1. Pentateuco (Obras javista, eloísta, deuteronomista e sacerdotal), 2. Obra histórica deuteronomista, 3. Obra histórica cronista, 4. Obra histórica macabaica, 5. Romances Hebraicos, 6. Poesia hebraica, 7. Literatura profética, 8. Literatura sapiencial e 9. Literatura apocalíptica.

1. PENTATEUCO: A PRIMEIRA SEÇÃO DA BÍBLIA HEBRAICA



1. 1. Introdução

Quando falamos de Pentateuco (“cinco rolos”), estamos no referindo aos cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica. São eles Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio (GELNUD). Desde o começo da era cristã, o Pentateuco foi atribuído a Moisés. Mas seu o estilo variado, a repetição de informações e a desorganização no relato apontam para uma obra de vários autores. A crítica elaborou uma hipótese de que o Pentateuco seria uma compilação de quatro documentos dentro de um período de 400 anos.
A distinção de fontes nesses textos foi feita a partir dos diferentes nomes que são dados a Deus: Elohim e Yahweh.Welhausen e Graf elaboraram uma hipótese considerando que o Pentateuco possui quatro fontes: Fonte javista (J), fonte eloísta (E), fonte deuteronomista (D) e fonte sacerdotal (P).  A fonte J trata Deus pelo nome de Yahweh e inclui o Gn2, 4b, os mitos de origens, a história dos patriarcas até a preparação para a entrada em Canaã. Este documento teria sido escrito no século IX em Judá.[1]
A fonte E chama Deus de Elohim, narra a história dos patriarcas sem a introdução dos mitos de origem e o primeiro texto é Gn 15. O documento teria sido escrito em Israel. Entre 700 e 650 antes de Cristo, um autor teria juntado estes dois textos J e E.  A fonte D se limita ao Deuteronômio e teria sido escrita em 622 antes de Cristo. Depois do exílio, por volta de 500, foi acrescentado o último documento que é o Código Sacerdotal (P). Este documento inclui Gn 1,1 e teria sido fonte para partes de Gênesis, Êxodo, Números e o Levítico quase inteiro. O assunto do documento P é sacerdotal e envolve genealogias e dados cronológicos.[2]
Portanto, o Pentateuco é o resultado de um processo composicional de quatro autorias diferentes atuando dentro de um espaço de tempo do século IX ao VI antes de Cristo. O Pentateuco é composto de vários gêneros literários como o narrativo-mítico, o narrativo-histórico e o legislativo. A participação sacerdotal é bastante influente. Os textos desta classe pretendem organizar o culto ao deus Yahweh através de normas.

1. 2. Gênesis

O livro de Gênesis pode ser subdividido em duas partes:Os capítulos de 1-11 contêm os mitos de origens e 12-50, a história dos primeiros patriarcas. As duas partes podem se desmembradas nos seguintes trechos: 1º A criação do mundo (Gn1, 2); 2º o pecado da humanidade (Gn3, 4); 3º Noé e o dilúvio (Gn 5-9) e 4º a formação das nações e das línguas (Gn 10, 11) e 5º Abraão e a formação do povo de Deus (Gn 12-38),6º Jacó (25-36), 7º José, o povo de Deus a caminho do Egito (Gn 39-50). De modo geral, o Gênesis apresenta a história das origens do mundo e dos primeiros patriarcas do povo hebreu.
O marcador literário da estrutura do livro do Gênesis são as toledôt (2, 4; 5, 1;1 2  6, 9;  10, 1;  11, 10;  11, 27;  25, 12;  25, 19;  36, 1;  36, 9;  37, 2).  Elas servem de condução para introduzir um novo assunto. Geralmente, as novas seções abrem com uma figura heroica e seus descendentes. As fórmulas toledôtpertencem à fonte P (sacerdotal). Elas podem abrir uma lista genealógica ou uma narrativa.
1ª parte – História primitiva. O mito é o gênero literário predominante dos 11 primeiros capítulos do Gênesis. Os mitos são narrativas que procuram explicar a origem de “determinadas experiências” de “fenômenos existenciais” recorrendo à intervenção de uma figura divina. São acontecimentos únicos. Os mitos do Gênesis são 1º Mito da criação do céu e da terra (Gn1); 2º Mito da criação do homem (Gn 2); 3º Mito do paraíso terrestre (Gn 3); 4º Mito dos nephilîm (Gn 6); 5º Mito do dilúvio (Gn 7-9) e 6º Mito de Babel (Gn 11).
Há duas narrativas da criação. A primeira é uma cosmogonia porque prioriza a criação do mundo e dos seres que o povoam (Gn1, 1-2. 4a). A segunda é uma antropogonia porque seu foco é o surgimento do homem. Os mitos do Antigo Testamento vieram da influência da Mesopotâmia e de Canaã. A epopeia babilônica de Atrahásis apresenta uma narração de fatos desde a criação até o dilúvio.
O dilúvio é um mito que apresenta grandes semelhanças com a narrativa sobre Atahásis. A humanidade cresceu e os trabalhadores estavam incomodando os anciãos. Depois de várias pragas, os deuses decidiram mandar um dilúvio para matar os homens. Mas a deusa Ea avisou a Atahásis para construir um barco para se proteger. Para controlar o crescimento da humanidade, os deuses decidiram fazer algumas mulheres inférteis, mandaram dragões para matar bebês e outras mulheres foram tomadas como sacerdotisas celibatárias. [3]
A segunda narrativa semelhante é a de Gilgamesh. Nesta história, a deusa Ea avisa Utpanishtim sobre o dilúvio. Este constrói a barca e recolhe espécimes de seres vivos. A inundação durou por seis dias e sete noites. Depois do dilúvio, Utpanishtim oferece um sacrifício aos deuses. Os deuses zangados pela tentativa frustrada de destruir a humanidade, reconhecem a sabedoria de Utpanishtim e fazem dele e de sua mulher imortais.
Os mitos procuram explicar a origem do mundo e da espécie humana, de como mal começa nas sociedades primitivas e de como Deus tentou destruir o mal punindo a humanidade com o dilúvio. Estes textos são apresentados pelos autores como história, porém, são narrativas populares de um passado remotíssimo que são reaproveitados dentro da tradição de culto ao deus Yahweh.
2ª parte – História dos Primeiros Patriarcas.Yahweh chama Abraão e lhe promete uma grande descendência numerosa. Ele sai de sua terra e vai para Canaã (Gn 12, 1-4). Toda a história de Abraão se desenvolve em torno de uma promessa (Gn 15, 1).Yahweh faz uma aliança com Abraão e lhe promete uma porção de terras desde o Rio Nilo até o Rio Eufrates (Gn 15, 17-21). A promessa da descendência começou com uma história de esterilidade, Abraão tem Ismael com sua escrava Agar (Gn 16, 15). Para selar a aliança, El Shaddai prescreve a circuncisão (Gn 17, 11). Depois disso, Yahweh reforça a promessa e Sara tem seu filho Isaac na velhice (Gn 21, 1-7).
A aliança de Abraão continua com seu filho Isaac (toledôt de Gn 25, 19). Rebeca, esposa de Isaac também era estéril e teve os gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25, 24-28). Jacó roubou a primogenitura de seu irmão (Gn 27, 1-45). A descendência de Jacó continua através de seus filhos, mas, principalmente, através de José, filho de Raquel (Gn 30, 22). Jacó se converte em Israel (Gn 32, 23-33).
A última parte do Gênesis começa com a toledôt de Gn 37. José era o filho preferido de Jacó, seus irmãos tinham ciúmes (Gn 35, 3-4). Os irmãos resolvem vender José para os ismaelitas (Gn 37, 26). Estes, por sua vez, o venderam para um eunuco do faraó no Egito (Gn 37, 36). Em tempo de uma grande seca, José leva sua família de Canaã para o Egito (Gn 46, 1). A história termina com as Jacó abençoando seus filhos (Gn 49). Jacó teve doze filhos que se tornaram chefes das doze tribos de Israel. Jacó e José morreram no Egito e suas descendências permaneceram lá (Gn 49, 33; 50, 22.26).

1. 3. Êxodo

O Êxodo se estrutura em torno dos seguintes temas: Moisés (1-6), as pragas, a páscoa e o êxodo (7.1- 15.21), as provações no deserto (15.22-18.27), A Lei e a Aliança (19-24), tabernáculo, o bezerro de ouro e a renovação da Aliança (25-40).
1ª parte – a libertação do Egito (Ex 1-15).Os israelitas se tornaram numerosos no Egito (Ex1, 1-7). O novo faraó sente-se incomodado com a presença deles e planeja um modo de controle populacional (Ex1, 8-22). Yahweh se compadeceu da escravidão dos israelitas e aparece a Moisés (Ex3, 1-6), ordena-lhe que tire o seu povo do Egito (Ex3, 7-11). Moisés pede a saída do povo, mas o faraó não consente. Várias pragas caem sobre os egípcios (Gn7, 8-29; 11). Finalmente, Moisés retira o povo do Egito (Ex 14, 15-30). Este episódio torna-se fundante da fé javista.
2ª parte – caminhada pelo deserto (Ex 16-18).Moisés parte com o povo para o deserto. Ao reclamar de fome, Yahweh manda o maná, as codornizes e água na rocha (16-17). Moisés institui o sistema de organização de juízes (18, 13-27).
3ª parte – Código da Aliança no Sinai (Ex 19-40). Yahweh escolhe a nuvem escura para se comunicar com Moisés e ele se manifesta ao povo de Israel (19). Deus pronuncia o decálogo e um código de sua aliança com o povo. O código inclui leis do culto (20, 22-26), dos escravos (21, 1-11), sobre violência e homicídios (21, 12-36), roubos e indenizações (22, 1-16), deveres com os inimigos (23, 1-9) e festas religiosas (23, 10-19). As prescrições do santuário vão do 25-32, da construção do santuário (35-40).

1. 4. Levítico

O Levítico envolve os assuntos: Sistema de sacrifícios (1-7), a ordenação sacerdotal (8-10), puro e impuro (11-15), Dia da Expiação (16), um manifesto de santidade (17-27).
1ª parte – ritual dos sacrifícios (Lv 1-7). São prescrições de como deveriam ser os sacrifícios e as oblações. Há prescrição de sacrifícios para reparação dos pecados.
2ª parte – A investidura dos sacerdotes (Lv 8-10).Moisés consagrou o santuário/habitação e ungiu Aarã e seus filhos (Nm8). A função e os cuidados dos sacerdotes também são comunicados.
3ª parte – Regras do puro e do impuro (Lv 11-16). Trata-se de um código sanitário religioso. Prescreve cuidados com a saúde envolvendo a alimentação,a Lei de Moisés separa os animais dos quais se pode comer a carne daqueles proibidos.  (Nm 11) e as doenças (Nm 13-14), impurezas sexuais (Nm 15).
4ª parte – Código da santidade (Lv 17-27). É um código de ética que envolve as proibições sexuais (Nm 18), as prescrições sobre convivência social (Nm 19). Envolve a partilha com os pobres (19, 9-10), o respeito com as pessoas com deficiência (19, 14), respeito com os idosos (19, 32), a acolhida do estrangeiro (Nm 19, 33), justiça nos negócios (19 35). Há um código de comportamento familiar em (20, 8-21). Seguem normas para os sacerdotes (21-25,22). Existe uma lei da propriedade, da seguridade social (25, 23), incluindo a proibição de escravizar um israelita (25, 44-46).

1. 5. Números

São temas do livro de Números: Preparações para a partida do Sinai, (1.1-10.10), do Sinai a Cades (10.11-20.21), de Cades a Moabe (20.22-36.13). Este livro é aberto com uma ordem de Moisés para recensear os israelitas.
1ª parte – Recenseamento (Nm 1-4). O censo é realizado com base nas tribos. O sistema tribal é a primeira forma de organização do antigo Israel. Cada tribo era atribuída a um dos filhos de Jacó. A tribo de Levi foi consagrada para exercer o sacerdócio (Nm2, 1-4).
2ª parte – Leis (Nm 5-7). Esta seção inclui leis de autoria sacerdotal sobre a pureza. Em 6, 22, há uma importante fórmula de bênção dirigida a Aarão.
3ª parte – Oferendas e consagração dos levitas (Nm 7-8).  É um texto sacerdotal que narra as oferendas dos chefes das tribos, a purificação e o serviço dos levitas.
4ª parte – A Páscoa (Nm 9-). Moisés ordena que os israelitas celebrem a data da Páscoa, os israelitas partem do deserto do Sinai (Nm 10, 11-12).
5ª parte – Etapas no deserto (Nm 11-14). Os israelitas reclamam da situação penosa da vida no deserto (Nm 11-12), os enviados de Moisés fazem o reconhecimento da terra de Canaã.
6ª parte – Os sacrifícios e os poderes dos levitas (Nm 15-19).Yahweh prescreve oblações e tributos aos israelitas quando entrarem na terra prometida. Alguns se rebelam contra Moisés e são castigados (Nm 16). O capítulo 18 inclui o estatuto dos sacerdotes, fala sobre dízimos.
7ª parte – De Cades a Moabe (Nm 20-25). Moisés retira água do rochedo em Meriba, ele faz contato com o rei de Edom. Começam as conquistas de Horma e da Transjordânia. A jumenta de Balaão (Nm 22, 22-35)[4]. Os israelitas praticam idolatria em Moab.
8ª parte – Novas disposições (Nm 26-30). Um novo recenseamento das tribos é feito na estepe de Moab. No capítulo 27, surge uma nova liderança, Josué.  A partir do 28, há prescrições de sacrifícios e oferendas e das festas judaicas (Ázimos, Aclamações, Expiação e Tendas).
9ª parte – Partilha de guerra. Moisés ordena uma guerra contra os madianitas e divide os despojos com a comunidade.

1. 6. Deuteronômio

No Deuteronômio, temos a seguinte estrutura: Lembrar o passado (1.1-4.40), seja cauteloso no futuro (4.41-11.32), as Leis de Deuteronômio (12-26), bênçãos e maldições (27-30) e a despedida de Moisés (31-34).
1ª parte – Discurso introdutório (Dt 1-11). A primeira seção inclui dois discursos de Moisés. Inicia-se uma série de conquistas como de Seon, de Og e a partilha da Transjordância, na expectativa de conquistar o outro lado do Jordão. Dt5 contém um decálogo apresentado como Lei de Moisés.
2ª parte – Código Deuteronômio (Dt 12-26). O trecho de 12-26 inclui estatutos e normas da aliança de Yahweh. Há uma preocupação com a prevenção da idolatria, prevenção contra intérpretes de sonhos e a incisão por causa dos mortos (Nm 12-14).
3ª parte – Discurso conclusivo (Dt 27). Depois de recomendar leis e as bênçãos prometidas, a partir do 31, o livro narra os últimos atos de Moisés e de sua morte. Moisés morreu em Moab e ainda não se cumpriu a promessa da terra prometida (Dt 34). A partir daí, Josué conduzirá o povo (Dt 34, 9).

1. 7. Considerações finais

            O Pentateuco é um conjunto de documento que narra a história da formação do povo israelita e da origem do culto a Yahweh. Juntamente com a história religiosa, as narrativas procuram reconstruir as primeiras lideranças (patriarcas e juízes) e as primeiras organizações sociais (sistema tribal). Além do sistema religioso, os documentos contêm as leis sociais e políticas do antigo Israel. Por trás da tradição da fonte P, há a casta sacerdotal que procura legitimar o seu poder de mediação do divino.




Referências

EMSLIE, Robert Sean. A Great Flood: Atrahasis, Gilgamesh, and Genesis.

HAMILTON, Victor. Manual do Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

KING, Greg. A Hipótese Documentária. Revista Teológica do SALT-IAENE, v. 4, n. 2, 2000, p. 29-36.



[1] KING, Greg. A Hipótese Documentária. Revista Teológica do SALT-IAENE, v. 4, n. 2, 2000, p. 29-36.
[2]KING, 2000, p. 29-36.
[3]EMSLIE, Robert Sean. A Great Flood: Atrahasis, Gilgamesh, and Genesis.
[4]Na tradição javista, os animais são apresentados como falantes. Veja Gn3, 1s.