O
CASO DOS IRMÃOS DE JESUS:
ANÁLISE
DAS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS
1. Os dados dos
evangelhos canônicos
Mc 6, 3 trata Tiago,
Joset, Judas e Simão como irmãos de Jesus. Neste mesmo versículo fala também de
suas irmãs sem nomeá-las. Vamos levantar os dados:
TIAGO
-
Em Mt 10, 2-3, há uma informação de que havia dois Tiagos: Tiago, filho de
Zebedeu e Tiago, filho de Alfeu. Esta informação impede que eles sejam filhos
de José. Mt 27, 56, diz que José e Tiago são filhos de Maria. Se nenhum dos
Tiagos é filho de José, neste caso irmão sendo utilizado em outro sentido. E
Maria neste caso também, é outra pessoa. Jo 19, 25 informa que aos pés da cruz
havia três Marias, a mãe de Jesus, Maria de Mágdala e a mulher de Cléofas.[1] Então,
a esposa de Cléofas se chamava Maria. Portanto, Tiago e José são filhos de Cléofas
e de Maria. Além disso, a expressão “a irmão de sua mãe, Maria mulher de Cléofas”
pode indicar que ela era tia de Jesus.
JOSÉ
–
também chamado de Joset. Era filho de Maria e de Cléofas e irmão de Tiago.
Segundo Hegesipo, Maria, mãe de Jesus, e Maria de Cléofas eram cunhadas. Uma
das razões é que comumente um judeu não colocaria duas filhas com nomes iguais
(Eusébio, História Eclesiástica, Lv
III, XI,1). Cléofas seria irmão de José, pai de Jesus.
JUDAS
– Na Epístola de Judas 1,1, ele se apresenta dizendo que era irmão de Tiago.
SIMÃO
– é difícil estabelecer uma relação. Mas alguns sugerem que ele também era
filho de Cléofas (posição do acadêmico dos Estados Unidos, James Tabor). Esta informação
foi transmitida pelo historiador Hegesipo.
2.
A explicação do Protoevangelho de Tiago (segunda metade do século 2º)
O Protoevangelho de
Tiago defende que José era viúvo e os irmãos de Jesus eram filhos somente de
José.
3.
A posição da Igreja Primitiva
A virgindade perpétua
de Maria é uma crença antiga. Eusébio de Cesareia e Epifânio de Salamina acreditavam
também que os irmãos de Jesus eram filhos do primeiro casamento de José.
Jerônimo discordava desta posição e considerava que os irmãos eram primos de
Jesus.
As duas posições foram
utilizadas na antiguidade para harmonizar os termos do Novo Testamento com a
crença na virgindade perpétua. O fato de nenhum texto dizer explicitamente que
os irmãos de Jesus eram, de fato, filhos de Maria, permite as duas interpretações
“primos” ou “meio-irmãos”.
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