LITERATURA
POÉTICA: POESIA HEBRAICA
6.1.
Classificação da poesia do antigo Israel
A
poesia épica pode ter sido uma forma
de transmissão oral das primeiras tradições do Pentateuco. O Cântico de Débora
exalta a vitória de guerra contra os inimigos de Israel (Jz5). É um tipo de
poema javista pode sido composto por volta de 1.100 antes de Cristo. Hinos para
celebrar uma vitória de guerra são encontrados no antigo Egito. Esta poesia
épica é encontrada em outro exemplo: o Cântico de Míriam(Ex 15, 1-18).Provavelmente,
um poema do século X. O poeta celebra a travessia do mar Vermelho.[1]
As
primeiras palavras introduzem o motivo do poema: “Cantarei a Iahweh, porque se
vestiu de glória; / ele lançou ao mar o cavalo e o cavaleiro.” Mas a celebração
das proezas de Yahweh em favor dos israelitas chega até a conquista de Canaã e
até a construção do templo.
Os
Oráculos de Balaão são um conjunto
de poemas que aparece também no Pentateuco: 1º poema - Nm 23, 7-10; 2º poema –Nm
23, 18-24; 3º poema – 24, 3-9; 4º poema – Nem 24, 15-19; e 5º poema - Nm 24,
20-24. São oráculos de antes das
batalhas. Do mesmo modo que são celebradas as vitórias, há poemas também que
antevêem a vitória de um povo e a derrota de outro.[2]
As
lamentações são outro subgênero da
poesia hebraica. Mas também é uma obra do profetismo no livro “Lamentações”. Uma
das mais antigas aparece em 2º Samuel 1, 1927. O autor lamenta a morte de Saul.
O maior poema são aqueles chamados de Lamentações.São divididos em cinco
poemas. Neste texto, o poeta chora o estado miserável de Jerusalém.
As
bênçãos são exemplos de formas
literárias com as Bênçãos de Jacó (Gn 49) e as Bênçãos de Moisés (Dt 33). Os dois
textos têm em comum uma sequência de desejos, de exaltações e de condenações em
relação às doze tribos de Israel.Eles são formas poéticas do período dos
Juízes, mas podem ter surgido bem antes. No capítulo 33 do Deuteronômio, há um
poema de exaltação do poder de Yahweh atribuído a Moisés. [3]
O
Cântico de Davi em 2º Samuel 22, 1-51 é um exemplar de salmo fora da coleção
dos livros dos Salmos. Ele é uma versão do Salmo 22. O poeta exalta o cuidado
de Yahweh pelo seu fiel adorador. O texto pode ser situado entre os séculos IX
e VIII antes de Cristo.[4] Em
Habacuque 3, 1-19, há um salmo de exaltação do poder divino.
6.2. Os salmos
O saltério é uma coleção de cento e
cinquenta salmos. Os salmos podem ser classificados em três tipos básicos: os
hinos, as súplicas e as ações de graça. São exemplos de hinos os Sl8; 19; 29;
33; 46-48; 76; 84; 87; 93; 96-100; 103-106; 113; 114; 117; 122; 135; 145 a 150.
As súplicas podem ser individuais ou coletivas. Como súplicas individuais temos
os Sl3; 5-7; 13; 17; 22; 25; 26; 28; 31; 35; 38; 42-43; 54-57; 59; 63; 64;
69-71; 77; 86; 102; 120; 130; 140 a 143. As súplicas coletivas são os Sl 12;
44; 60; 74; 79; 80; 83; 85; 106; 123; 129 e 137. As ações de graças são os Sl
18; 21; 30; 33; 34; 40; 65-68; 92; 116; 118; 124; 129; 138 e 144. Há também
alguns gêneros mistos.[5]
Os salmos trazem títulos com
autoria. São notáveis os salmos atribuídos à família de Coré. Muitos salmos são
atribuídos a Davi. Os salmos veem de vários séculos e autores diferentes. Eles
representam diferentes situações da história de Israel.
6.3.
Cântico dos Cânticos: um poema de amor
Cântico dos Cânticos é um poema
lírico. Seu gênero literário específico
é o cântico nupcial (epitalâmio). Este tipo de texto celebra o amor entre um
homem e uma mulher. É uma obra do pós-exílio.
Na
história de sua interpretação, houve uma alegorização do texto por causa de
alguns sentirem que um poema de amor no cânone seria desconfortável. Os judeus
o entenderam como o amor de Yahweh por Israel e os cristãos, de Cristo pela
Igreja. Orígenes o entendeu com a busca da alma pelo Logos. Porém, a sua
literalidade é inegável. O poema fala do
mistério do amor que une o homem à mulher.[6]
A
divisão do livro: 1. A noiva nos jardins de Salomão (caps. 1, 2 a 2, 7). 2. As
recordações da noiva (caps. 2, 8 a 3, 5). 3. As núpcias (caps. 3, 6 a 5, 1). 4.
No palácio (caps. 5, 2 a 8, 4). 5. O lar da esposa (cap. 8, 5-14).
[1]CROSS
JR, Frank Moore; FREEDMAN, David Noel. Studies
in Ancient Yahvistic Poetry. Grand Rapids; Cambridge: William B. Eerdmans
Publishing Co, 1975, p. 3.
[2]CROSS
JR; FREEDMAN, 1975, p. 3.
[4]CROSS
JR; FREEDMAN, 1975, p. 4.
[5]Classificação da introdução aos
Salmos da Bíblia de Jerusalém (p.858-859).
[6] RONCHEY, Silvia. O Cântico dos Cânticos: a verdade sobre
o amor escondida no mais erótico dos livros. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/563157-o-cantico-dos-canticos-a-verdade-sobre-o-amor-escondida-no-mais-erotico-dos-livros-artigo-de-silvia-ronchey>.Acesso em 04 ago. 2019.
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