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domingo, 8 de setembro de 2019

6º - Poesia Hebraica do Antigo Testamento


LITERATURA POÉTICA: POESIA HEBRAICA

6.1. Classificação da poesia do antigo Israel

A poesia épica pode ter sido uma forma de transmissão oral das primeiras tradições do Pentateuco. O Cântico de Débora exalta a vitória de guerra contra os inimigos de Israel (Jz5). É um tipo de poema javista pode sido composto por volta de 1.100 antes de Cristo. Hinos para celebrar uma vitória de guerra são encontrados no antigo Egito. Esta poesia épica é encontrada em outro exemplo: o Cântico de Míriam(Ex 15, 1-18).Provavelmente, um poema do século X. O poeta celebra a travessia do mar Vermelho.[1]
As primeiras palavras introduzem o motivo do poema: “Cantarei a Iahweh, porque se vestiu de glória; / ele lançou ao mar o cavalo e o cavaleiro.” Mas a celebração das proezas de Yahweh em favor dos israelitas chega até a conquista de Canaã e até a construção do templo.
Os Oráculos de Balaão são um conjunto de poemas que aparece também no Pentateuco: 1º poema - Nm 23, 7-10; 2º poema –Nm 23, 18-24; 3º poema – 24, 3-9; 4º poema – Nem 24, 15-19; e 5º poema - Nm 24, 20-24.  São oráculos de antes das batalhas. Do mesmo modo que são celebradas as vitórias, há poemas também que antevêem a vitória de um povo e a derrota de outro.[2]
As lamentações são outro subgênero da poesia hebraica. Mas também é uma obra do profetismo no livro “Lamentações”. Uma das mais antigas aparece em 2º Samuel 1, 1927. O autor lamenta a morte de Saul. O maior poema são aqueles chamados de Lamentações.São divididos em cinco poemas. Neste texto, o poeta chora o estado miserável de Jerusalém.
As bênçãos são exemplos de formas literárias com as Bênçãos de Jacó (Gn 49) e as Bênçãos de Moisés (Dt 33). Os dois textos têm em comum uma sequência de desejos, de exaltações e de condenações em relação às doze tribos de Israel.Eles são formas poéticas do período dos Juízes, mas podem ter surgido bem antes. No capítulo 33 do Deuteronômio, há um poema de exaltação do poder de Yahweh atribuído a Moisés. [3]
O Cântico de Davi em 2º Samuel 22, 1-51 é um exemplar de salmo fora da coleção dos livros dos Salmos. Ele é uma versão do Salmo 22. O poeta exalta o cuidado de Yahweh pelo seu fiel adorador. O texto pode ser situado entre os séculos IX e VIII antes de Cristo.[4] Em Habacuque 3, 1-19, há um salmo de exaltação do poder divino.

6.2. Os salmos

            O saltério é uma coleção de cento e cinquenta salmos. Os salmos podem ser classificados em três tipos básicos: os hinos, as súplicas e as ações de graça. São exemplos de hinos os Sl8; 19; 29; 33; 46-48; 76; 84; 87; 93; 96-100; 103-106; 113; 114; 117; 122; 135; 145 a 150. As súplicas podem ser individuais ou coletivas. Como súplicas individuais temos os Sl3; 5-7; 13; 17; 22; 25; 26; 28; 31; 35; 38; 42-43; 54-57; 59; 63; 64; 69-71; 77; 86; 102; 120; 130; 140 a 143. As súplicas coletivas são os Sl 12; 44; 60; 74; 79; 80; 83; 85; 106; 123; 129 e 137. As ações de graças são os Sl 18; 21; 30; 33; 34; 40; 65-68; 92; 116; 118; 124; 129; 138 e 144. Há também alguns gêneros mistos.[5]
            Os salmos trazem títulos com autoria. São notáveis os salmos atribuídos à família de Coré. Muitos salmos são atribuídos a Davi. Os salmos veem de vários séculos e autores diferentes. Eles representam diferentes situações da história de Israel.

6.3. Cântico dos Cânticos: um poema de amor

            Cântico dos Cânticos é um poema lírico.  Seu gênero literário específico é o cântico nupcial (epitalâmio). Este tipo de texto celebra o amor entre um homem e uma mulher. É uma obra do pós-exílio.
Na história de sua interpretação, houve uma alegorização do texto por causa de alguns sentirem que um poema de amor no cânone seria desconfortável. Os judeus o entenderam como o amor de Yahweh por Israel e os cristãos, de Cristo pela Igreja. Orígenes o entendeu com a busca da alma pelo Logos. Porém, a sua literalidade é inegável.  O poema fala do mistério do amor que une o homem à mulher.[6]
A divisão do livro: 1. A noiva nos jardins de Salomão (caps. 1, 2 a 2, 7). 2. As recordações da noiva (caps. 2, 8 a 3, 5). 3. As núpcias (caps. 3, 6 a 5, 1). 4. No palácio (caps. 5, 2 a 8, 4). 5. O lar da esposa (cap. 8, 5-14).


[1]CROSS JR, Frank Moore; FREEDMAN, David Noel. Studies in Ancient Yahvistic Poetry. Grand Rapids; Cambridge: William B. Eerdmans Publishing Co, 1975, p. 3.
[2]CROSS JR; FREEDMAN, 1975, p. 3.
[3]CROSS JR; FREEDMAN, 1975, p. 4.
[4]CROSS JR; FREEDMAN, 1975, p. 4.
[5]Classificação da introdução aos Salmos da Bíblia de Jerusalém (p.858-859).
[6] RONCHEY, Silvia. O Cântico dos Cânticos: a verdade sobre o amor escondida no mais erótico dos livros. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/563157-o-cantico-dos-canticos-a-verdade-sobre-o-amor-escondida-no-mais-erotico-dos-livros-artigo-de-silvia-ronchey>.Acesso em 04 ago. 2019.

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