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domingo, 24 de novembro de 2019

Epístola homilética de Hebreus


A Epístola aos Hebreus

A Epístola aos Hebreus é, na verdade, um sermão ou um tratado. O autor é desconhecido, mas pode ter sido algum autor de influência paulina. Pode ser uma composição de 70 depois de Cristo. O encerramento do texto contém uma nota que parece dizer que o texto foi escrito na Itália. Além disso, o sermão não diz que é dirigido aos hebreus. Mas, a tradição manteve esta identificação porque o conteúdo se refere aos judeus cristãos.
A estrutura de Hebreus pode ser exposta do seguinte modo: Prólogo (1, 1-4), I – O Filho é superior aos anjos (1, 5-18), II – Jesus sumo sacerdote fiel e misericordioso (3, 1-5, 10), III – O autêntico sacerdócio de Jesus Cristo (5, 11-10, 18), IV – A fé perseverante (10, 19 – 12, 29) e conclusões (13).
O sermão pretende demonstrar o lugar de Cristo diante da Lei judaica. Então, o apresenta como o sumo sacerdote e como selador de uma nova aliança. O texto parece ter sido escrito para esclarecer aos cristãos vindos do judaísmo que a boa nova de Jesus substitui a antiga aliança. . Logo no início, o autor de Hebreus traça as características de uma cristologia: Jesus é o “herdeiro de todas as coisas”, resplendor da glória de Deus, expressão (charácter[1]) do ser (hypóstasis[2]) de Deus e superior aos anjos.
Cristo, superior aos anjos – Cristo é descrito como o primogênito do mundo e os anjos estão a seu serviço (Hb 1, 5). A primeira aliança se baseou na lei promulgada por anjos e a transgressão àquela tinha consequências sérias. Maior é agora a transgressão à aliança inaugurada pelo Senhor (Heb 2,1). Deus sujeitou o destino do mundo não aos anjos, mas ao seu Filho. Ele, como homem, foi feito menos que os anjos para participar do sofrimento. A salvação aconteceu por meio do sofrimento. Isso se deu porque sua preocupação é com os homens e com aquilo que lhes é comum. Deste modo, fez-se semelhantes a eles em tudo, exceto no pecado (Hb 2, 5-18).
Cristo, sumo sacerdote – Cristo está acima de Moisés por causa da qualidade de Filho (3, 1-6). Portanto, todos devem aproveitar este tempo oportuno da nova aliança (3, 7-19) e que todos confiem na promessa do repouso que virá (4, 1-13). Seguem as qualidades do novo sumo sacerdote: Ele é compassivo, está nos céus, mas experimentou a natureza humana, conhece nossas fraquezas, por isso, é capaz de ter misericórdia (4, 14-16). Jesus recebeu o título de sumo sacerdote e exerceu esta missão enquanto estava na terra. Ele intercedeu pelos homens e por meio do sofrimento chegou à perfeição (5, 1-10).
Depois de dizer que não vai aprofundar em doutrinas difíceis, o autor de Hebreus diz que quem perdeu a fé dificilmente retornará a crer por causa deste risco, pede à sua audiência para ser perseverante (6, 1-19).  Em seguida, retoma o tema da nova aliança, exaltando a figura sacerdotal de Melquisedec. Assim como ele que não tinha genealogia exerceu esta função, Cristo que não pertencia à casta sacerdotal recebeu a missão do sacerdócio (7, 1-14).
A superioridade da nova aliança – A antiga Lei era fraca e foi abolida (7, 15-19). Jesus é a garantia de uma aliança melhor e mais perfeita. Ele tem um sacerdócio imutável, imaculado e já ofereceu seu sacrifício (7, 20-28). O ministério de Cristo é superior aos sacerdotes da antiga aliança (8, 6-13). Aquela era feita de ritos humanos. Cristo é sumo sacerdote dos bens vindouros. O seu sacrifício propiciou um culto purificador ao Deus vivo (9, 1-14). O sangue de Cristo renovou a aliança e purificou todos os pecados. O seu santuário é o próprio céu (9, 15-18).
A Lei é incapaz de levar as pessoas à perfeição. Cristo ofereceu um sacrifício único e a remissão dos pecados já aconteceu. Não há necessidade de oferendas e de sacrifícios (10, 1-18). Por causa dessas promessas, o autor pede que todos sejam perseverantes (10, 19-39).
A natureza da fé – A definição de fé de Hebreus inclui a crença na substância (hypóstasis) daquilo que se espera e na convicção (élenchos[3]) do que não se vê. O testemunho dos antigos é baseado. Foi pela fé que Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e os profetas realizaram suas obras. Mas a realização da promessa veio nos tempos atuais (11, 1-40).
O autor pede que todos aceitem a educação de Deus e sigam o exemplo de Jesus Cristo porque sua aliança é superior (12, 1-29). Há algumas virtudes elencadas como o amor, a hospitalidade, a honra ao matrimônio e a obediência aos dirigentes (hegéomai). Dois vícios são apontados: o amor ao dinheiro e o risco das doutrinas falsas (13, 1-19).


[1] Charácter, em grego, significa “instrumento de gravar, marca estampada, semelhança”
[2] Hypóstasis, em grego, significa “que é fundação, substância, ser real, natureza”.
[3] Élenchos, em grego, significa “prova, teste, convicção”.

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