A
Epístola aos Hebreus
A
Epístola aos Hebreus é, na verdade, um sermão ou um tratado. O autor é
desconhecido, mas pode ter sido algum autor de influência paulina. Pode ser uma
composição de 70 depois de Cristo. O encerramento do texto contém uma nota que
parece dizer que o texto foi escrito na Itália. Além disso, o sermão não diz
que é dirigido aos hebreus. Mas, a tradição manteve esta identificação porque o
conteúdo se refere aos judeus cristãos.
A
estrutura de Hebreus pode ser exposta do seguinte modo: Prólogo (1, 1-4), I – O
Filho é superior aos anjos (1, 5-18), II – Jesus sumo sacerdote fiel e
misericordioso (3, 1-5, 10), III – O autêntico sacerdócio de Jesus Cristo (5,
11-10, 18), IV – A fé perseverante (10, 19 – 12, 29) e conclusões (13).
O
sermão pretende demonstrar o lugar de Cristo diante da Lei judaica. Então, o
apresenta como o sumo sacerdote e como selador de uma nova aliança. O texto
parece ter sido escrito para esclarecer aos cristãos vindos do judaísmo que a
boa nova de Jesus substitui a antiga aliança. . Logo no início, o autor de
Hebreus traça as características de uma cristologia: Jesus é o “herdeiro de
todas as coisas”, resplendor da glória de Deus, expressão (charácter[1])
do ser (hypóstasis[2])
de Deus e superior aos anjos.
Cristo, superior aos anjos
– Cristo é descrito como o primogênito do mundo e os anjos estão a seu serviço
(Hb 1, 5). A primeira aliança se baseou na lei promulgada por anjos e a
transgressão àquela tinha consequências sérias. Maior é agora a transgressão à
aliança inaugurada pelo Senhor (Heb 2,1). Deus sujeitou o destino do mundo não
aos anjos, mas ao seu Filho. Ele, como homem, foi feito menos que os anjos para
participar do sofrimento. A salvação aconteceu por meio do sofrimento. Isso se
deu porque sua preocupação é com os homens e com aquilo que lhes é comum. Deste
modo, fez-se semelhantes a eles em tudo, exceto no pecado (Hb 2, 5-18).
Cristo, sumo sacerdote
– Cristo está acima de Moisés por causa da qualidade de Filho (3, 1-6).
Portanto, todos devem aproveitar este tempo oportuno da nova aliança (3, 7-19)
e que todos confiem na promessa do repouso que virá (4, 1-13). Seguem as
qualidades do novo sumo sacerdote: Ele é compassivo, está nos céus, mas
experimentou a natureza humana, conhece nossas fraquezas, por isso, é capaz de
ter misericórdia (4, 14-16). Jesus recebeu o título de sumo sacerdote e exerceu
esta missão enquanto estava na terra. Ele intercedeu pelos homens e por meio do
sofrimento chegou à perfeição (5, 1-10).
Depois
de dizer que não vai aprofundar em doutrinas difíceis, o autor de Hebreus diz
que quem perdeu a fé dificilmente retornará a crer por causa deste risco, pede
à sua audiência para ser perseverante (6, 1-19). Em seguida, retoma o tema da nova aliança, exaltando
a figura sacerdotal de Melquisedec. Assim como ele que não tinha genealogia
exerceu esta função, Cristo que não pertencia à casta sacerdotal recebeu a
missão do sacerdócio (7, 1-14).
A superioridade da nova aliança
– A antiga Lei era fraca e foi abolida (7, 15-19). Jesus é a garantia de uma
aliança melhor e mais perfeita. Ele tem um sacerdócio imutável, imaculado e já
ofereceu seu sacrifício (7, 20-28). O ministério de Cristo é superior aos
sacerdotes da antiga aliança (8, 6-13). Aquela era feita de ritos humanos.
Cristo é sumo sacerdote dos bens vindouros. O seu sacrifício propiciou um culto
purificador ao Deus vivo (9, 1-14). O sangue de Cristo renovou a aliança e
purificou todos os pecados. O seu santuário é o próprio céu (9, 15-18).
A
Lei é incapaz de levar as pessoas à perfeição. Cristo ofereceu um sacrifício
único e a remissão dos pecados já aconteceu. Não há necessidade de oferendas e
de sacrifícios (10, 1-18). Por causa dessas promessas, o autor pede que todos
sejam perseverantes (10, 19-39).
A natureza da fé
– A definição de fé de Hebreus inclui a crença na substância (hypóstasis) daquilo que se espera e na
convicção (élenchos[3])
do que não se vê. O testemunho dos antigos é baseado. Foi pela fé que Abel,
Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e os profetas realizaram suas obras.
Mas a realização da promessa veio nos tempos atuais (11, 1-40).
O
autor pede que todos aceitem a educação de Deus e sigam o exemplo de Jesus
Cristo porque sua aliança é superior (12, 1-29). Há algumas virtudes elencadas
como o amor, a hospitalidade, a honra ao matrimônio e a obediência aos
dirigentes (hegéomai). Dois vícios
são apontados: o amor ao dinheiro e o risco das doutrinas falsas (13, 1-19).
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