A
CONDIÇÃO DO HOMEM NA LITERARURA SAPIENCIAL
COHÉLET.
O autor do Cohélet desenvolve uma reflexão franca sobre a situação do homem
neste mundo. A vida é transitória, tudo se repete, o homem se afadiga e não
tira proveito da vida. Viver é uma tarefa ingrata. E o pior de tudo é que o
destino do sábio e do tolo é o mesmo. A sabedoria foi um objetivo do autor, mas
ele diz que isso também é vaidade (1, 3-17; 2, 14-15).
Como um filósofo epicurista,
o Cohélet diz que a felicidade do homem é comer e beber (2, 24). A sua
felicidade está em desfrutar do bem-estar e do produto do seu trabalho (3, 12).
Mas há outras coisas que incomodam o pregador, como a existência do mal no
mundo: “no lugar do direito encontra-se o delito, no lugar da justiça, lá se
encontra o crime” (3, 16). Os oprimidos vivem sem esperança, de tal sorte que
mais feliz é aquele que ainda não nasceu (4, 3).
A sorte do homem é
idêntica a dos animais. Todos caminham para a morte. Segundo o autor, não há garantias de
continuidade e de recompensa: “Quem sabe se o alento do homem sobre para o alto
e se o alento do animal desce para baixo, para a terra?” (3, 21). O Cohélet não
tem uma expectativa formada sobre a vida futura. A única coisa que resta ao
homem é alegrar-se com suas obras.
Uma grande vaidade que
é a causa de muitos males é o acúmulo de riquezas. O trabalho penso em troca de
uma riqueza insaciável é vaidade (4, 7). Mais vale é busca a companhia dos
outros para melhor enfrentar a vida. Mesmo diante deste quadro de esforço
mínimo pelas preocupações da vida, o Cohélet
aconselha viver de modo prudente.
Ele aconselha no culto
buscar mais ouvir do que os rituais. Daí procedem alguns deveres diante de
Deus: Ser parcimonioso com as palavras, cumprir as promessas. (5, 1-6).
A ambição pela riqueza
é algo insaciável. Quem ama o dinheiro nunca está satisfeito. O Cohélet considera esta preocupação como
um grande mal do mundo. Ele critica aqueles que vivem para acumular riquezas.
Eles fazem maus negócios. E acabam sem nada (5, 12-16). Outro grande sofrimento
com a riqueza é ter muitas coisas e nele poder usufruir delas (6, 1-8).
Uma preocupação que
percorre o livro é a de que proveito tira o homem do esforço da sua vida? O Cohélet está cobrando, no auge de sua
franqueza, uma retribuição necessária da parte de Deus. Mas ele não tem esta
crença. Na vida, ele já viu justos sofrerem e ímpios sobreviverem (7, 16).
Assim como justos que são tratados como ímpios e, ímpios como justos (8, 14).
Portanto, nem a bondade e nem a maldade garante o destino de um homem. Há um
tempo para cada coisa, mas a infelicidade do homem é não saber quando algo vai
acontecer (8, 7). Às vezes, nem mesmo a morte serve de lição para os que ficam
(8, 10).
Aliás, a morte nivela a
todos o bom e o mau (9, 1-4). No capítulo 9, o Cohélet revela o motivo de seu tratamento franco sobre a condição
humana. Segundo sua concepção, não há retribuição para ninguém de acordo com
suas obras. Os mortos não sabem nada e sua lembrança é esquecida. Eles não
participarão de mais anda debaixo do sol (9, 5-6). No Xeol, não existe obra,
nem conhecimento e nem sabedoria (9, 10). As obras não são garantidas pelo
esforço, são dadas pela oportunidade (9, 11). Portanto, tudo é incerto e o
esforço nesta vida é vaidade.
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