LITERATURA
PROFÉTICA
8.1.
Introdução
A
Literatura Profética envolve profetas de vários períodos: a) Os profetas do
século VIII que são Amós, Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias; b) Os profetas do
final do período pré-exílico e exílico que são Jeremias, Naum, Habacuque,
Sofonias e Ezequiel; d) os profetas do período pós-exílico que são Daniel,
Joel, Abdias, Ageu, Zacarias e Malaquias[1]. O
livro de Daniel será apresentado como profético e apocalíptico.
A forma literária básica desta
literatura é oráculo. O profetismo era um fenômeno religioso comum nas
religiões do antigo Oriente. Os 450 profetas de Baal mencionados no 1º livro
dos Reis é um exemplo deste hábito fora do culto javista. Durante o período da
monarquia havia muitos profetas em Israel, chegando a existir confrarias de
profetas. Em 1º Samuel 10 aparece um bando de profetas descendo do lugar alto
com seus instrumentos musicais. Estes homens entravam em êxtase embalados pela
música e transmitiam suas mensagens.
Os profetas eram considerados
intérprete da palavra de Deus. Eles tinham acesso às mensagens por meio de
visões, pela audição ou pela inspiração interior. Mas a única função do profeta
não esta. Amós e Oseias no século VIII criticam a situação social da
monarquia. Amós critica a opressão ao pobre,
a cobrança de impostos e o crescimento da classe dos nobres. O profeta enumera
a situação luxuosa desses nobres: Eles vivem tranqüilos, dormem em leitos de
marfim, comem carne, bebem vinho, ouvem música e usam o melhor dos óleos (Am 6,
1-7). Oseias denuncia as idolatrias e as agitações políticas.[2]
Portanto, os profetas serviam para
aconselhar o rei, falar sobre o futuro, mas também para alertar o povo da
fidelidade a Javé. Eles faziam duplamente uma crítica religiosa e política de
sua época. A visão dos profetas como meros “adivinhos” é reducionista.
8.2.
Profetas do século VIII
a) Amós
– Este profetizou durante os reinados de Ozias e de Jeroboão. Atuou no
santuário de Betel e na Samaria. O seu livro pode ser dividido em: 1.
Julgamento das nações vizinhas de Israel e do próprio Israel (1, 3-2,16), 2.
Advertências e ameaças a Israel (3-6), 3. As cinco visões (7-9, 10), 4.
Perspectivas de restauração e fecundidade paradisíaca (9, 11-15). Neste livro,
o profeta condena a vida corrupta das cidades e as injustiças sociais.
b) Oseias –
Ele atuou no tempo dos reis Ozias, Joatão, Acaz, Ezequias e Jeroboão. Era
oriundo do reino do norte. A divisão de Oseias pode ser feita assim: 1. O
casamento de Ozeias (1, 2-30, 2. Crimes e castigos de Israel (4-14, 1), 3.
Conversão e renovação de Israel (14, 2-10).O período do ministério de Oseis foi
marcado por corrupção moral e religiosa, o tema principal de sua mensagem é o
amor de Deus desprezado pelo seu povo.
c) Jonas –
É um livro de gênero diferente. Ele é
uma novela sobre a aventura de um profeta desobediente que quer desistir de sua
missão e que depois reclama de Deus do sucesso da sua missão. Há aqueles que o
classificam como parábola profética ou como conto.[3]O
livro contém apenas 4 capítulos e seu enredo segue esta sequência: Yahweh manda
Jonas ir a Nínive pregar, mas ele tenta fugir de navio e acaba sendo lançado ao
mar (Jn 1, 1-16), ele é engolido por um grande peixe, depois de três dias, é
devolvido à terra (2), na segunda chamada de Yahweh, Jonas vai a Nínive, prega
e o povo se converte (3), Jonas reclama do sucesso da missão (4).
d) Isaías
– Ele nasceu por volta de 765 antes de Cristo e recebeu a sua vocação no Templo
de Jerusalém de anunciar a ruína de Israel e de Judá como punição pelas
infidelidades do povo.
A
divisão do livro: Parte I - 1. Ruína e restauração de Judá (1–5), 2. Narrativa
(6-8), 3. Agentes de bênção e julgamento (9–12), 3. Agentes de libertação e
julgamento (40–45), 4. Oráculos contra nações estrangeiras (13–23), 5. Julgamento
e libertação de Deus, 6. Sermões éticos (28-31), 7. Restauração de Judá e Davi.
Parte
II - 1. Paraíso perdido e recuperado (34–35), 2.
Narrativa (36-39), 3. Agentes de libertação e de julgamentos (40-45), 4. Oráculos
contra Babilônia (46–48), 5. Redenção através do servo do Senhor; glorificação
de pessoas (24–27) de Israel (49–55), 6. Sermões éticos (56-59) e 7. O Paraíso
recuperado (55–66).
e) Miqueias
- Este profeta atuou antes da tomada de Samaria até a invasão de Senaquerib. O
esboço da obra: Introdução (1, 1), I. Primeira rodada de julgamento e salvação
(1, 2–5, 15), A. O julgamento de Deus sobre apostasia e pecado social em
Samaria e Judá (1, 2–3, 12), B. Palavra de esperança de Deus para Israel (4, 1–2,
15), II Segunda rodada de julgamento e salvação (6, 1–7, 20), A. A disputa de
Deus com Israel (6, 1-8), B. A reprovação de Deus pelos pecados sociais de
Israel (6, 9–16), C. O profeta lamenta a condição de Israel (7, 1-7) e D. Salmos
de esperança e louvor (7, 8–20).
8.3.
Os profetas do final do período pré-exílico e exílico
Nesta
seção, apresentaremos Jeremias, Naum, Habacuque, Sofonias e Ezequiel.
a) Jeremias
– O texto abre com o relato da vocação do profeta (1, 4-19). O livro pode ser
dividido em: 1. Oráculos dirigidos ao povo de Deus: 1,1-25,14. 2. Oráculos
contra as nações estrangeiras: 25,15-38. 3. Relatos biográficos de Jeremias:
26,1-45, 5.4. Oráculos contra as nações
estrangeiras: 46,1-51,64. 5. Apêndice: 52,1-34.
b) Naum
- I. Em 1,9-2,3 há pequenos oráculos dirigidos alternadamente a Judá
(1,9-10.12-13; 2,1.3) e a Nínive (1,11.14; 2,2): para Judá fala-se de
consolação e alegria; a Nínive e ao seu rei anuncia-se o castigo. II. 2,4-3,19
é dedicado à destruição de Nínive. Em 3,8-11 o profeta inclui o exemplo de
Tebas, como dissemos, para mostrar que todas as defesas da cidade de Nínive
são inúteis. O livro termina num cântico fúnebre, apresentando o desastre como
consumado (3,18-19).
c) Habacuque
– I. Diálogo entre o profeta e Deus (1,2-2,4), formado por duas queixas do
profeta (1,2-4 e 1,12-17) e duas respostas de Deus (1,5-11 e 2,1-4). A
primeira queixa coloca o problema da justiça: porque triunfam os ímpios? A
primeira resposta divina não satisfaz o profeta, pois os babilônios acabam por
se exceder e são mais cruéis do que os outros. Por isso, o profeta queixa-se de
novo (1,12-17), não compreendendo como Deus olha em silêncio para os traidores.
A segunda resposta aponta para o cumprimento da palavra divina: o profeta
recebe a palavra e aguarda o seu cumprimento. II. Maldições contra o opressor
(2,5-20): inclui cinco imprecações, condenando todos os crimes cometidos
pela tirania dos poderosos. III. Um salmo (3,1-19) que celebra o triunfo
definitivo de Deus na Natureza e na História.
d) Sofonias
– I. O Dia do Senhor em Judá (1,2-2,3), um dia de juízo universal, tenebroso e
terrível, que afeta principalmente Judá. II. Oráculos contra as nações
(2,4-3,8), vizinhas de Judá, e um último (3,1-8) dirigido contra Jerusalém.
III. Promessa de restauração (3,9-20). É uma mensagem de alegria pela presença
do Senhor em Jerusalém e pelo «resto de um povo pobre e humilde» (3,12), salvo
por Ele.
e) Ezequiel –
I. Vocação para o profetismo: 1,1-3,27; II. Oráculos de ameaça contra Judá e
Jerusalém: 4,1-24,27; III. Oráculos contra as nações: 25,1-32,32; IV. Oráculos
de salvação para Israel: 33,1-39,29; V. Novo reino, novo templo e novo culto:
40,1-48,35.
8.4.
Os profetas do período pós-exílico
Nesta seção,
apresentaremos Joel, Abdias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
a)
Joel
-
I. 1,2-2,27: um desastre agrícola, constituído por uma praga de gafanhotos
(1,2-12) e uma grande seca (1,13-20), fazem o profeta pensar em calamidades
maiores. Em 2,1-11, a sua imaginação transforma os gafanhotos num exército que
vem destruir a cidade. Esta catástrofe nacional é um convite à conversão
(2,12-17), que proporciona a resposta de Deus (2,18-27). II. 3,1-4,21: os
acontecimentos anteriormente descritos são elevados à categoria religiosa de
«Dia do Senhor». Joel, para além da efusão do espírito, joga com três temas: os
sinais no céu e na terra (3,3-4; 4,15-16); a salvação de Judá (3,5; 4,16b),
manifestada no plano político (4,17) e econômico (4,18), e a condenação das
nações estrangeiras (4,1-14).
b)
Abdias
-
v.1: o título. v.2-14: exortação à luta contra Edom, contra quem é pronunciada
uma profecia (v.2-9), por se ter regozijado com a destruição de Jerusalém e ter
contribuído para agravar os seus sofrimentos (v.10-14). v.15-21: fala-se do
«Dia do Senhor», que trará consigo a ruína de todos os povos e o começo de
melhores dias para Israel.
c)
Ageu
- 1.°
oráculo: 1,1-15; 2.° oráculo: 2,1-9; 3.° oráculo: 2,10-19; 4.° oráculo:
2,20-23.
d)
Zacarias - Introdução
(1,1-6): um apelo à conversão. Primeira secção (1,7-6,15): é a secção principal
do livro. Apresenta-nos oito visões com breves oráculos disseminados pelo meio
daquelas. Segunda secção (7,1-8,23): é um conjunto de oráculos, que surgem numa
aparente desordem.
e)
Malaquias
- Depois
de uma introdução (1,2-5), em que se fala da eleição de Israel, seguem-se alusões
às faltas cometidas contra a aliança de Levi pelos sacerdotes e pelos fiéis
(1,6-2,9), aludindo-se a um culto universal. Vem, depois, uma série de queixas
contra os casamentos mistos e os divórcios (2,10-16). Em seguida, o profeta
anuncia “o Dia do Senhor” (2,17-3,5) com a purificação do sacerdócio. As
dificuldades que os israelitas experimentam acabarão quando estes voltarem a
cumprir os seus deveres cultuais (3,6-15). No “Dia do Senhor” os bons serão
recompensados e os maus castigados (3,16-21). Um apêndice (3,22-24) exorta à
observância da Lei de Moisés e refere uma futura vinda do profeta Elias.
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