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domingo, 8 de setembro de 2019

8º - Literatura Profética


LITERATURA PROFÉTICA

8.1. Introdução

A Literatura Profética envolve profetas de vários períodos: a) Os profetas do século VIII que são Amós, Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias; b) Os profetas do final do período pré-exílico e exílico que são Jeremias, Naum, Habacuque, Sofonias e Ezequiel; d) os profetas do período pós-exílico que são Daniel, Joel, Abdias, Ageu, Zacarias e Malaquias[1]. O livro de Daniel será apresentado como profético e apocalíptico.
            A forma literária básica desta literatura é oráculo. O profetismo era um fenômeno religioso comum nas religiões do antigo Oriente. Os 450 profetas de Baal mencionados no 1º livro dos Reis é um exemplo deste hábito fora do culto javista. Durante o período da monarquia havia muitos profetas em Israel, chegando a existir confrarias de profetas. Em 1º Samuel 10 aparece um bando de profetas descendo do lugar alto com seus instrumentos musicais. Estes homens entravam em êxtase embalados pela música e transmitiam suas mensagens.
            Os profetas eram considerados intérprete da palavra de Deus. Eles tinham acesso às mensagens por meio de visões, pela audição ou pela inspiração interior. Mas a única função do profeta não esta. Amós e Oseias no século VIII criticam a situação social da monarquia.  Amós critica a opressão ao pobre, a cobrança de impostos e o crescimento da classe dos nobres. O profeta enumera a situação luxuosa desses nobres: Eles vivem tranqüilos, dormem em leitos de marfim, comem carne, bebem vinho, ouvem música e usam o melhor dos óleos (Am 6, 1-7). Oseias denuncia as idolatrias e as agitações políticas.[2]
            Portanto, os profetas serviam para aconselhar o rei, falar sobre o futuro, mas também para alertar o povo da fidelidade a Javé. Eles faziam duplamente uma crítica religiosa e política de sua época. A visão dos profetas como meros “adivinhos” é reducionista.

8.2. Profetas do século VIII

a)    Amós – Este profetizou durante os reinados de Ozias e de Jeroboão. Atuou no santuário de Betel e na Samaria. O seu livro pode ser dividido em: 1. Julgamento das nações vizinhas de Israel e do próprio Israel (1, 3-2,16), 2. Advertências e ameaças a Israel (3-6), 3. As cinco visões (7-9, 10), 4. Perspectivas de restauração e fecundidade paradisíaca (9, 11-15). Neste livro, o profeta condena a vida corrupta das cidades e as injustiças sociais.
b)   Oseias – Ele atuou no tempo dos reis Ozias, Joatão, Acaz, Ezequias e Jeroboão. Era oriundo do reino do norte. A divisão de Oseias pode ser feita assim: 1. O casamento de Ozeias (1, 2-30, 2. Crimes e castigos de Israel (4-14, 1), 3. Conversão e renovação de Israel (14, 2-10).O período do ministério de Oseis foi marcado por corrupção moral e religiosa, o tema principal de sua mensagem é o amor de Deus desprezado pelo seu povo.
c)    Jonas – É um livro de gênero diferente.  Ele é uma novela sobre a aventura de um profeta desobediente que quer desistir de sua missão e que depois reclama de Deus do sucesso da sua missão. Há aqueles que o classificam como parábola profética ou como conto.[3]O livro contém apenas 4 capítulos e seu enredo segue esta sequência: Yahweh manda Jonas ir a Nínive pregar, mas ele tenta fugir de navio e acaba sendo lançado ao mar (Jn 1, 1-16), ele é engolido por um grande peixe, depois de três dias, é devolvido à terra (2), na segunda chamada de Yahweh, Jonas vai a Nínive, prega e o povo se converte (3), Jonas reclama do sucesso da missão (4).
d)   Isaías – Ele nasceu por volta de 765 antes de Cristo e recebeu a sua vocação no Templo de Jerusalém de anunciar a ruína de Israel e de Judá como punição pelas infidelidades do povo.
A divisão do livro: Parte I - 1. Ruína e restauração de Judá (1–5), 2. Narrativa (6-8), 3. Agentes de bênção e julgamento (9–12), 3. Agentes de libertação e julgamento (40–45), 4. Oráculos contra nações estrangeiras (13–23), 5. Julgamento e libertação de Deus, 6. Sermões éticos (28-31), 7. Restauração de Judá e Davi.
Parte II - 1. Paraíso perdido e recuperado (34–35), 2. Narrativa (36-39), 3. Agentes de libertação e de julgamentos (40-45), 4. Oráculos contra Babilônia (46–48), 5. Redenção através do servo do Senhor; glorificação de pessoas (24–27) de Israel (49–55), 6. Sermões éticos (56-59) e 7. O Paraíso recuperado (55–66).
e)    Miqueias - Este profeta atuou antes da tomada de Samaria até a invasão de Senaquerib. O esboço da obra: Introdução (1, 1), I. Primeira rodada de julgamento e salvação (1, 2–5, 15), A. O julgamento de Deus sobre apostasia e pecado social em Samaria e Judá (1, 2–3, 12), B. Palavra de esperança de Deus para Israel (4, 1–2, 15), II Segunda rodada de julgamento e salvação (6, 1–7, 20), A. A disputa de Deus com Israel (6, 1-8), B. A reprovação de Deus pelos pecados sociais de Israel (6, 9–16), C. O profeta lamenta a condição de Israel (7, 1-7) e D. Salmos de esperança e louvor (7, 8–20).

8.3. Os profetas do final do período pré-exílico e exílico

Nesta seção, apresentaremos Jeremias, Naum, Habacuque, Sofonias e Ezequiel.
a)    Jeremias – O texto abre com o relato da vocação do profeta (1, 4-19). O livro pode ser dividido em: 1. Oráculos dirigidos ao povo de Deus: 1,1-25,14. 2. Oráculos contra as nações estrangeiras: 25,15-38. 3. Relatos biográficos de Jeremias: 26,1-45, 5.4.  Oráculos contra as nações estrangeiras: 46,1-51,64. 5. Apêndice: 52,1-34.
b)   Naum - I. Em 1,9-2,3 há pequenos oráculos dirigidos alternadamente a Judá (1,9-10.12-13; 2,1.3) e a Nínive (1,11.14; 2,2): para Judá fala-se de consola­ção e alegria; a Nínive e ao seu rei anuncia-se o castigo. II. 2,4-3,19 é dedicado à destruição de Nínive. Em 3,8-11 o profeta inclui o exemplo de Tebas, como dissemos, para mostrar que todas as defe­sas da cidade de Nínive são inúteis. O livro termina num cântico fúnebre, apresentando o desastre como consumado (3,18-19).
c)    Habacuque – I. Diálogo entre o profeta e Deus (1,2-2,4), formado por duas queixas do profeta (1,2-4 e 1,12-17) e duas respostas de Deus (1,5-11 e 2,1-4). A pri­meira queixa coloca o problema da justiça: porque triunfam os ímpios? A pri­meira resposta divina não satisfaz o profeta, pois os babilônios acabam por se exceder e são mais cruéis do que os outros. Por isso, o profeta queixa-se de novo (1,12-17), não compreendendo como Deus olha em silêncio para os traidores. A segunda resposta aponta para o cumprimento da pala­vra divina: o profeta recebe a palavra e aguarda o seu cum­primento. II. Maldições contra o opressor (2,5-20): inclui cinco im­precações, con­­de­nando todos os crimes cometidos pela tirania dos poderosos. III. Um salmo (3,1-19) que celebra o triunfo defi­nitivo de Deus na Natu­reza e na História.
d)   Sofonias – I. O Dia do Senhor em Judá (1,2-2,3), um dia de juízo universal, tenebroso e terrível, que afeta principalmente Judá. II. Oráculos contra as nações (2,4-3,8), vizinhas de Judá, e um último (3,1-8) dirigido contra Jerusalém. III. Promessa de restauração (3,9-20). É uma mensagem de alegria pela presença do Senhor em Jerusalém e pelo «resto de um povo pobre e humilde» (3,12), salvo por Ele.
e)    Ezequiel – I. Vocação para o profetismo: 1,1-3,27; II. Oráculos de ameaça contra Judá e Jerusalém: 4,1-24,27; III. Oráculos contra as nações: 25,1-32,32; IV. Oráculos de salvação para Israel: 33,1-39,29; V. Novo reino, novo templo e novo culto: 40,1-48,35.

8.4. Os profetas do período pós-exílico

Nesta seção, apresentaremos Joel, Abdias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
a)   Joel - I. 1,2-2,27: um desastre agrícola, constituído por uma praga de gafanhotos (1,2-12) e uma grande seca (1,13-20), fazem o profeta pensar em calamidades maiores. Em 2,1-11, a sua imaginação transforma os gafanhotos num exército que vem destruir a cidade. Esta catástrofe nacional é um convite à conversão (2,12-17), que proporciona a resposta de Deus (2,18-27). II. 3,1-4,21: os acontecimentos anteriormente descritos são elevados à categoria religiosa de «Dia do Senhor». Joel, para além da efusão do espírito, joga com três temas: os sinais no céu e na terra (3,3-4; 4,15-16); a salvação de Judá (3,5; 4,16b), manifestada no plano político (4,17) e econômico (4,18), e a condenação das nações estrangeiras (4,1-14).
b)   Abdias - v.1: o título. v.2-14: exortação à luta contra Edom, contra quem é pronunciada uma profecia (v.2-9), por se ter regozijado com a destruição de Jerusalém e ter contribuído para agravar os seus sofrimentos (v.10-14). v.15-21: fala-se do «Dia do Senhor», que trará consigo a ruína de todos os povos e o começo de melhores dias para Israel.
c)    Ageu - 1.° oráculo: 1,1-15; 2.° oráculo: 2,1-9; 3.° oráculo: 2,10-19; 4.° oráculo: 2,20-23.
d)    Zacarias - Introdução (1,1-6): um apelo à conversão. Primeira secção (1,7-6,15): é a secção principal do livro. Apresenta-nos oito visões com breves oráculos disseminados pelo meio daquelas. Segunda secção (7,1-8,23): é um conjunto de oráculos, que surgem numa aparente desordem.
e)    Malaquias - Depois de uma introdução (1,2-5), em que se fala da eleição de Israel, seguem-se alusões às faltas cometidas contra a aliança de Levi pelos sacerdotes e pelos fiéis (1,6-2,9), aludindo-se a um culto uni­versal. Vem, depois, uma série de queixas contra os casamentos mistos e os divórcios (2,10-16). Em seguida, o profeta anuncia “o Dia do Senhor” (2,17-3,5) com a purificação do sacerdócio. As dificuldades que os israelitas experimentam acabarão quando estes voltarem a cumprir os seus deveres cultuais (3,6-15). No “Dia do Senhor” os bons serão recompensados e os maus castigados (3,16-21). Um apêndice (3,22-24) exorta à obser­vân­cia da Lei de Moi­sés e refere uma futura vinda do profeta Elias.



[1] MERRILL, 2009, p. 473-539.
[2]SMITH, Mark S. O memorial de Deus. São Paulo: Paulus, 2006, p. 92-93.
[3]ALEXANDER, T. Desmond. Jonah and Genre. Tyndale Bulletin, v. 36, 1985, p. 35-59.

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