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sábado, 24 de agosto de 2013

Tradição e modernidade: Conciliação necessária


Relação Igreja e a sociedade contemporânea


          Por último, a eclesiologia deve nos fazer compreender a relação da Igreja com a sociedade contemporânea.  Esta Igreja vive um duplo movimento: Afirmação da identidade tradicional e abertura para acolher os novos valores. O Concílio Vaticano II trouxe uma contribuição importante para a Igreja que a ajudou a absorver o mundo e não fazer oposição ao mesmo.
          Se no século XVIII, houve uma reação defensiva ao modernismo. Após o Vaticano II, a Igreja tornou-se cooperadora da modernidade vista enquanto uma época de novas oportunidades de crescimento para o homem. Porém, todo o avanço da Igreja e a atualização de sua mensagem evangélica e moral são guiados pela sua tradição bimilenar. Então, ao mesmo tempo em que ela abraça as novidades, ela se mantém resistente às novas posturas que não encontram respaldo em sua tradição.
          Há alguns problemas que têm de ser debatidos com liberdade internamente na Igreja. O pedido de perdão pelos erros passados feito pelo papa João Paulo II representou este momento de a Igreja admitir a sua historicidade. Dentre as acusações normalmente feitas à Igreja, as Cruzadas, a Inquisição, são as que mais pesam. Realmente, muitas autoridades que exerciam simultaneamente o poder religioso e o poder civil cometer excessos. O católico contemporâneo precisa enfrentar este passado.
          Novos problemas cercam a Igreja. E mais do que nunca novas respostas devem ser dadas: O ministério feminino, a comunhão dos recasados, o espaço dos homossexuais, o aborto, o uso dos contraceptivos e os escândalos de pedofilia e financeiros do Vaticano. Muitas posturas são claramente erros de indivíduos, outras posturas possuem razões teológicas e continuarão na contramão dos novos valores.
          O ministério feminino: Na Igreja primitiva havia um espaço considerável para a mulher apesar de ser uma sociedade patriarcal. Ao longo da história foi se restringindo, somente após o Vaticano II que houve uma redescoberta dos ministérios femininos. Porém, a participação no ministério ordenado se encontra impedida porque não referência suficiente na Tradição para autorizá-la. Contudo, não há uma proibição expressa nas Escrituras já que nos escritos do Novo Testamento ainda não havia doutrina clara sobre os ministérios ordenados, pode-se deduzir alguns princípios implicitamente.
          A segunda união: Os Evangelhos são claros quanto à indissolubilidade matrimonial. A prática sacramental da Igreja reforça a sua doutrina, mas sempre sabendo que o maior mandamento é o amor. As novas posturas morais têm exigido um cuidado especial com a questão da vida matrimonial. A participação dos recasados no sacramento da Eucaristia é uma questão mais pastoral do que doutrinária.
          A inclusão dos homossexuais: Do ponto de vista das Escrituras, há uma condenação da homossexualidade (Lv 18, 22; Lv 20, 13). As proibições dizem respeito até mesmo ao modo de vestir (Dt 22, 5). Temos de analisar os textos levando em conta que surgiram em uma sociedade patriarcal que valorizava muito a procriação. Portanto, todo contato sexual que não possibilitasse a reprodução era reprovado. Sempre houve um conflito entre doutrina e costumes. Há comportamentos que eram tolerados em uma determinada sociedade que não são mais na idade contemporânea, como por exemplo, a escravidão. Portanto, as comunidades devem seguir a recomendação do Catecismo da Igreja Católica (2357) que pede para acolher os homossexuais: “(...) homossexuais (...) Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta.”
Porém, a moral cristã continua considerando uma opção incorreta, mas que não pode ser utilizada para discriminar. E pelas mesmas razões citadas anteriormente a união homossexual pode ser elevada à condição de casamento. São razões doutrinárias dada a natureza sacramental do matrimônio.
          O aborto e o direito da mulher: O aborto tornou-se um dos mais espinhentos problemas de moral que a Igreja enfrenta hoje nos estados laicos. A emancipação feminina trouxe à tona a possibilidade de a mulher decidir sobre seu corpo. Sabemos da dor das mulheres que engravidam como resultado de um estupro.
          Como regral geral, o aborto é um assassinato. Além disso, o embrião não é um simples prolongamento do corpo materno sobre o qual a mulher tem todos os poderes. Ele é outra pessoa humana. Portanto, o direito da mãe não coincide necessariamente com o direito do nascituro.

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