RESUMO –
“INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA BÍBLICA”
Estudos
Teológicos – 13/08/2019
1.
A interpretação de textos antigos não é uma tarefa simples. A consideração de
textos para fins dogmáticos dificulta ainda mais este processo. A hermenêutica é o campo de estudo das
teorias da interpretação de textos.
2.
Um texto como a Bíblia é difícil de interpretar por causa da distância
temporal, espacial e cultural que separa o autor antigo do leitor de hoje.
3.
A Bíblia é simultaneamente literatura e livro sagrado. O leitor precisa se
situar entre as balizas dos dois extremos: a) Não despi-la totalmente de seu
sentido místico; b) Não pode descuidar de seu caráter humano, transformando-a
em livro mágico.
4.
A interpretação pressupõe a literalidade
do texto bíblico - é que o texto, apesar de ser sagrado, é inteiramente
humano e dependente das condições culturais, literárias e históricas do tempo
do autor.
5.
A delimitação da intenção do texto –
isso quer dizer que há uma ampla liberdade de compreensão do texto, mas nem
toda interpretação tem sentido e pertinência.
6.
Os limites da interpretação -
Existem muitos textos que admitem mais de um sentido. Mas isso não significa
que qualquer sentido seja válido como uma compreensão de um texto.
7.
A história em torno do texto - A
reconstituição exata do contexto e do mundo do autor antigo é difícil e quase
impossível. Mas o leitor precisa procurar compreender o máximo de elementos
possível para se preparar para uma interpretação satisfatória.
8.
Como regra geral é o próprio texto
bíblico que o texto bíblico. Mas, em casos não-satisfatórios, o leitor deve
buscar informações em “outras fontes do mesmo tempo e do mesmo lugar” (GINZBURG).
9.
A intenção do autor - É difícil
falar do que o autor quis dizer (de sua intenção), é melhor dizer sobre o que
ele disse a partir das categorias dadas pelo próprio texto. O texto é a única
coisa material que temos do passado.
10.
A diferença entre hermenêutica e exegese
- Exegese é “o trabalho de explicação e de interpretação de um ou mais textos
bíblicos”. A hermenêutica estuda os princípios gerais da interpretação de
textos.
11.
A primeira característica do texto
bíblico - A Bíblia é um conjunto de livros escrito uma época muito
diferente da nossa, com uma cultura totalmente diferente.
12.
A segunda característica do texto
bíblico - A cultura dos povos da Bíblia é a cultura do Oriente (cultura
semita). Os costumes, os valores e o modo de pensar é totalmente distinto da
cultura ocidental.
13.
A terceira característica do texto
bíblico- Entre o leitor contemporâneo e o texto bíblico há também uma
distância geográfica e política, isto é, a organização social, as instituições,
a economia e a política eram diferentes.
14.
Portanto, são tarefas da hermenêutica
- 1ª – Esclarecer as situações do tempo bíblico afim de que os textos fiquem
transparentes e compreensíveis; 2ª – Tentar ouvir a intenção do autor na sua
origem (especificamente, no texto); 3ª - Verificar como a ética e a doutrina
podem ser respaldadas pelos textos.
15.
Os principais métodos exegéticos
são: Fundamentalista (busca o sentido literal), histórico-crítico (investiga as
condições históricas em torno do texto) e estruturalista (analisa o que passa
no texto em si e como produz o sentido).
15.
Além de um método adequado, o leitor deve conhecer traços de estilo literário
como as figuras de linguagem, as expressões idiomáticas e os gêneros
literários.
16.
As principais regras da exegese são:
A primeira regra a considerar que o
texto bíblico interpreta o próprio texto bíblico. A segunda: Enquanto puder é necessário tomar as palavras em seu
sentido usual e ordinário. A terceira
diz que é preciso considerar o contexto das palavras. A quarta alerta que é preciso considerar o objetivo de cada livro.
17.
A quinta considera que os textos se
comunicam, ou seja, é importante tomar as passagens paralelas para ampliar e
confirmar o sentido de uma palavra ou de um conceito.
18.
A sexta prescreve que nenhum texto
pode ter um sentido que não teria para o seu autor ou para a sua audiência
imediata. A sétima diz que quando as
situações da época dos leitores imediatos são comparáveis às nossas, os mesmos
ensinamentos que se aplicavam a eles, são aplicáveis a nós também.
19.
Os passos de uma leitura bíblica
segundo o método histórico-crítico e o estruturalista (exercício mesclado):
I – SINTÁTICA (
Análise dos elementos/organização do texto):
1º
- Leitura: Ler atentamente o texto
escolhido.
2º
- Inventário do vocabulário: Inventariar
as palavras mais comuns – marcar ou anotar os termos e as expressões mais
significativas do texto.
3º
- Identificação do contexto: Estabelecer
as inter-relações com a seção do livro, verificando os textos que antecedem e
sucedem a perícope.
4º
- Localização espaço-temporal:
Verificar a época em que foi escrito o texto.
5º
- Gênero e estilo: Como o texto se
organiza quanto ao estilo? Qual é o seu gênero?
II
– SEMÂNTICA (Análise do sentido do texto):
6º
- Investigar no texto a ação: Quem
age, onde, quando, fazendo o que, a quem?
7º
- Identificação dos agentes: Como
são caracterizados os agentes, pacientes, tempo, lugar e ação?
8º
- Levantamento temático: Qual é o
assunto do texto e como se relaciona com o contexto? Com as passagens
paralelas?
9º
- Mundo-da-vida: Como este assunto
se situa na vida dos primeiros leitores? A sociedade? A cultura? A religião?
III – PRAGMÁTICA
(Aplicação da temática do texto):
10º
- Atualização do texto: O que este
texto diz para o nosso tempo? De que modo podemos aplicá-lo a nós?
Nestes dez passos, pensamos na trilogia
semiótica: Sintática – Como está organizado o texto? (passos do 1º ao 5º)
Semântica – Qual é o sentido do texto? (passos do 6º ao 9º) Pragmática – O que
ele tem a dizer para o nosso tempo? (passo 10º).
20.
Texto a ser analisado empregando os métodos da exegese:
1 No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele
estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram
feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens; 5 a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
6 Houve um
homem enviado de Deus, cujo nome era
. 7 Este veio como testemunha,
a fim de dar testemunho da luz, para
que todos cressem por meio dele.
8 Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho
da luz.
9 Pois a verdadeira luz, que alumia a
todo homem, estava chegando ao mundo.
10 Estava ele
no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.
11 Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. 12 Mas, a
todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes
o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
14 E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade;
e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
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