Social Icons

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Introdução à Hermenêutica Bíblica


RESUMO – “INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA BÍBLICA”
Estudos Teológicos – 13/08/2019

1. A interpretação de textos antigos não é uma tarefa simples. A consideração de textos para fins dogmáticos dificulta ainda mais este processo. A hermenêutica é o campo de estudo das teorias da interpretação de textos.
2. Um texto como a Bíblia é difícil de interpretar por causa da distância temporal, espacial e cultural que separa o autor antigo do leitor de hoje.
3. A Bíblia é simultaneamente literatura e livro sagrado. O leitor precisa se situar entre as balizas dos dois extremos: a) Não despi-la totalmente de seu sentido místico; b) Não pode descuidar de seu caráter humano, transformando-a em livro mágico.
4. A interpretação pressupõe a literalidade do texto bíblico - é que o texto, apesar de ser sagrado, é inteiramente humano e dependente das condições culturais, literárias e históricas do tempo do autor.
5. A delimitação da intenção do texto – isso quer dizer que há uma ampla liberdade de compreensão do texto, mas nem toda interpretação tem sentido e pertinência.
6. Os limites da interpretação - Existem muitos textos que admitem mais de um sentido. Mas isso não significa que qualquer sentido seja válido como uma compreensão de um texto.
7. A história em torno do texto - A reconstituição exata do contexto e do mundo do autor antigo é difícil e quase impossível. Mas o leitor precisa procurar compreender o máximo de elementos possível para se preparar para uma interpretação satisfatória.
8. Como regra geral é o próprio texto bíblico que o texto bíblico. Mas, em casos não-satisfatórios, o leitor deve buscar informações em “outras fontes do mesmo tempo e do mesmo lugar”  (GINZBURG).
9. A intenção do autor - É difícil falar do que o autor quis dizer (de sua intenção), é melhor dizer sobre o que ele disse a partir das categorias dadas pelo próprio texto. O texto é a única coisa material que temos do passado.
10. A diferença entre hermenêutica e exegese - Exegese é “o trabalho de explicação e de interpretação de um ou mais textos bíblicos”. A hermenêutica estuda os princípios gerais da interpretação de textos.
11. A primeira característica do texto bíblico - A Bíblia é um conjunto de livros escrito uma época muito diferente da nossa, com uma cultura totalmente diferente.
12. A segunda característica do texto bíblico - A cultura dos povos da Bíblia é a cultura do Oriente (cultura semita). Os costumes, os valores e o modo de pensar é totalmente distinto da cultura ocidental.
13. A terceira característica do texto bíblico- Entre o leitor contemporâneo e o texto bíblico há também uma distância geográfica e política, isto é, a organização social, as instituições, a economia e a política eram diferentes.
14. Portanto, são tarefas da hermenêutica - 1ª – Esclarecer as situações do tempo bíblico afim de que os textos fiquem transparentes e compreensíveis; 2ª – Tentar ouvir a intenção do autor na sua origem (especificamente, no texto); 3ª - Verificar como a ética e a doutrina podem ser respaldadas pelos textos.
15. Os principais métodos exegéticos são: Fundamentalista (busca o sentido literal), histórico-crítico (investiga as condições históricas em torno do texto) e estruturalista (analisa o que passa no texto em si e como produz o sentido).
15. Além de um método adequado, o leitor deve conhecer traços de estilo literário como as figuras de linguagem, as expressões idiomáticas e os gêneros literários.
16. As principais regras da exegese são: A primeira regra a considerar que o texto bíblico interpreta o próprio texto bíblico. A segunda: Enquanto puder é necessário tomar as palavras em seu sentido usual e ordinário. A terceira diz que é preciso considerar o contexto das palavras. A quarta alerta que é preciso considerar o objetivo de cada livro.
17. A quinta considera que os textos se comunicam, ou seja, é importante tomar as passagens paralelas para ampliar e confirmar o sentido de uma palavra ou de um conceito.
18. A sexta prescreve que nenhum texto pode ter um sentido que não teria para o seu autor ou para a sua audiência imediata. A sétima diz que quando as situações da época dos leitores imediatos são comparáveis às nossas, os mesmos ensinamentos que se aplicavam a eles, são aplicáveis a nós também.
19. Os passos de uma leitura bíblica segundo o método histórico-crítico e o estruturalista (exercício mesclado):

I – SINTÁTICA ( Análise dos elementos/organização do texto):
1º - Leitura: Ler atentamente o texto escolhido.
2º - Inventário do vocabulário: Inventariar as palavras mais comuns – marcar ou anotar os termos e as expressões mais significativas do texto.
3º - Identificação do contexto: Estabelecer as inter-relações com a seção do livro, verificando os textos que antecedem e sucedem a perícope.
4º - Localização espaço-temporal: Verificar a época em que foi escrito o texto.
5º - Gênero e estilo: Como o texto se organiza quanto ao estilo? Qual é o seu gênero?

II – SEMÂNTICA (Análise do sentido do texto):
6º - Investigar no texto a ação: Quem age, onde, quando, fazendo o que, a quem?
7º - Identificação dos agentes: Como são caracterizados os agentes, pacientes, tempo, lugar e ação?
8º - Levantamento temático: Qual é o assunto do texto e como se relaciona com o contexto? Com as passagens paralelas?
9º - Mundo-da-vida: Como este assunto se situa na vida dos primeiros leitores? A sociedade? A cultura? A religião?


III – PRAGMÁTICA (Aplicação da temática do texto):
10º - Atualização do texto: O que este texto diz para o nosso tempo? De que modo podemos aplicá-lo a nós?

Nestes dez passos, pensamos na trilogia semiótica: Sintática – Como está organizado o texto? (passos do 1º ao 5º) Semântica – Qual é o sentido do texto? (passos do 6º ao 9º) Pragmática – O que ele tem a dizer para o nosso tempo? (passo 10º).

20. Texto a ser analisado empregando os métodos da exegese:

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus.    3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.    4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;    5 a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.  
6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era . 7 Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.    8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.  
9 Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.    10 Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.    11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.    12 Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.  
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.


Nenhum comentário:

Postar um comentário